Práticas nocivas da tradição e pobreza contribuem para a promoção da violência doméstica e casamentos precoces, sobretudo nas regiões centro e norte do país, dizem estudos.
Anualmente, centenas de raparigas casam-se precocemente e outras tantas mulheres são violentadas, constituindo um fenómeno cujo combate tem sido dificultado pela pobreza que afecta um elevado número da população, para além de alguns ritos da tradição moçambicana.
Amade Casamo, pedreiro de profissão, diz que por causa da pobreza, aliada a valores culturais retrógrados, "uma familia pode trocar a sua filha, menor de idade, por um litro de óleo".
A activista social Ana Rodrigues, diz que em muitas regiões de Moçambique, "as famílias, sobretudo os homens, ainda recorrem à violência física como forma de educar os filhos e mulheres, uma prática do passado".
Maria Luisa, da liga Mulher, Lei e Desenvolvimento - MULEID, afirma ser "preocupante que em pleno século XXI ainda haja homens que batem nas suas mulheres por tudo e por nada. Há homens que cultivam a violência", disse a jurista.
O número de casos de violência reportados nos últimos meses no país é estimado em 20 mil, mas a ministra do Género, Criança e Acção Social, Cidália Chaúque, acredita que o mesmo seja muito superior a este.
Ao nível da Assembleia da República há o entendimento de que é necessário identificar algumas práticas da tradição moçambicana nocivas ao desenvolvimento harmonioso das crianças e mulheres, "e essas práticas devem ser eliminadas".