“Um novo apartheid”, é como o escritor moçambicano Mia Couto classificou o fecho de fronteiras a passageiros dos países da África Austral imposto por vários Estados, após a descoberta da variante Ómicron do vírus da Covid-19.
As denúncias de Couto foram secundadas pelo escritor angolano José Eduardo Agualusa, que agora vive na Ilha de Moçambique.
Os dois reiteraram o que haviam escrito no domingo, 28, quando insurgiram-se contra as restrições impostas pelos Estados Unidos e países da União Europeia com um texto intitulado "Duas Pandemias", publicado no Facebook e que viralizou.
Mia e Agualusa lamentaram o facto de alguns países africanos terem seguindo a mesma onda, numa altura em que a África do Sul e Moçambique preparavam-se para se recuperarem do impacto económico negativo provocado pela Covid-19, nomeadamente no sector do turismo.
O posicionamento daqueles escritores foi assumido na quarta-feira, 1, à margem da inauguração em Maputo da exposição de fotografia e poemas de Agualusa, "O Mais Belo Fim do Mundo" sobre a Ilha de Moçambique.
No mesmo dia, a Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique condenou o que classificou de “postura discriminatória” do ocidente ao suspender voos de e para Moçambique.
A CTA entende que o fluxo de viagens para Moçambique poderá fixar-se abaixo dos 180 milhões de dólares este ano, caso a suspensão continue.