Dirigentes dos dois maiores partidos da oposição angolana no Uíge descreveram de "desfasadas" da realidade as propostas do Governo para se dividir a província e afirmam que, por razões económicas e eleitorais, este não é o momento para tal.
O secretário provincial da UNITA, Felix Simão Lucas, disse que a falta de condições de infra-estruturas sociais nas futuras capitais das novas províncias, quando falta menos de um ano para a realização das eleições gerais e a actual condição de vida das populações, não permitem que tal plano vá para diante.
“Falar hoje dos municípios de Quimbele, Sanza Pombo e Cangola, na época colonial, hoje aquilo é muito diferente, as condições daqueles municípios estão muito aquém daquela altura, por isso é nesta base que temos que fazer uma avaliação”, afirmou.
“Até agora, o nosso país não deu passos significativos em termos de desenvolvimento, estamos cada vez mais atrasados e não é o facto de dividirmos as províncias que vai trazer o desenvolvimento”, acrescentou Lucas, quem alertou ainda para o que disse ser a confusão que isso irá gerar no próximo ano eleitoral devido às mudanças que vai requerer para os eleitores abrangidos.
Por seu lado, o secretário provincial da CASA-CE, Fonseca António, afirmou que o Governo deve preocupar- se com o combate à fome, miséria e o desemprego na população ao em vez de pensar em projetos de longo prazo.
“Neste momento as crianças angolanas estão com uma gritaria de fome e miséria, do norte ao sul e centro do país, os pais, a maioria está no desemprego, o campo pode ter comida mais não há como escoar os produtos por falta de estradas nas comunas e municípios”, pontuou António.
O responsável da coligação propôs ao Governo ir aos municípios e comunas fazer um diagnóstico e ver o que que têm e não têm”, visando "um projecto a longo prazo”.
De recordar que no seu mais recente discurso o Presidente João Lourenço afirmou que a nova divisão político-administrativa não vai interferir nas eleições do próximo ano.