Especialistas defendem que o sector do turismo em Angola tem enfrentado várias dificuldades. A captação de mais investimentos e o estabelecimento de políticas capazes de atrair parcerias credíveis fazem parte das necessidades actuais.
As medidas avançadas surgem numa altura em que as autoridades alegam que o novo regime de isenção e de facilitação de vistos vai eliminar barreiras burocráticas no fluxo migratório.
Mais investimento nos quadros angolanos para o asseguramento do desenvolvimento da cadeia turística nacional e promoção de ofertas atractivas e sustentáveis, foi o que defendeu recentemente em Luanda, Ângela Bragança, a ministra angolana do Turismo.
Para a governante, outro ponto focal é a valorização da capacidade nacional para resolver os problemas difíceis ligados a falta de divisas e a consequente crise económica e financeira.
“Há que priorizar os nacionais. Há que capacitá-los, pois que, mesmo na ótica das dificuldades cambiais actuais investir no angolano é uma das formas de resolver os problemas difíceis”, frisou.
A valorização dos quadros nacionais passa em primeira instância pela sua pela formação. É nesta ordem de ideias que alguns estudantes de Hotelaria e Turismo pensam em “pôr os seus dons a render” a favor do país. Todavia a falta de oportunidade tem sido um dos handicaps.
“Como qualquer estudante sempre que termina uma formação a tendência é de facto demonstrar o que aprendeu durante a sua carreira estudantil”, disse à margem da Conferência Nacional de Quadros da Indústria Hoteleira e Turística de Angola, recentemente realizada em Luanda o estudante Mendes Domingos, que frequenta o curso de Turismo Animação e Hotelaria na Universidade Metodista de Angola.
O desenvolvimento de iniciativas individuais e colectivas pode ser a solução para o crescimento do sector hoteleiro em Angola, segundo fez a saber a titular do pelouro que reconhece por outro lado as várias condicionantes ainda existentes face à necessidade de se captar mais investimentos e parcerias estratégicas credíveis que produzam resultados.
O desenvolvimento do turismo carece de investimentos para as infraestruturas, formação e marketing com vista a realização de uma estratégia integrada de promoção do turismo, explicou a Ministra que destacou ainda o novo regime de isenção e de facilitação de vistos “que vai eliminar barreiras burocráticas no fluxo migratório e abrir o país”.
A Associação de Hotéis e Resorts de Angola AHRA é favor do desenvolvimento de políticas que permitam transformar as unidades hoteleiras de Angola em marcas internacionais o que fará do país um lugar credível do ponto de vista turístico.
Ramiro Barreiro Secretário Geral da Associação dos Hotéis e Resorts de Angola é favor do investimento em sectores conexos ao turismo. “Nós temos uma costa de 1600 quilómetros, temos muitos recuros florestais e faunas onde é possível que se faça investimentos para captar turistas estrangeiros”.
A Ministra do Turismo recohence a necessidade do país trabalhar na melhoria da certificação das unidades hoteleiras, de restauração e semilares, estruturação dos produtos e espaços turísticos para além da implementação do Fundo de Fomento do Turismo.
Foi com estas palavras que Ângela Bragança abriu a Conferência Nacional dos Quadros de Hotelaria e Turismo que decorreu a 16 de Março em Luanda.
Com perto de 500 hotéis de 3 à 5 estrelas, 1200 pensões, moteis e residencias albergando cerca de 60 mil quadros, Angola precisa de criar nos próximos tempos perto de 500.000 empregos, onde o sector do turismo poderá ser o que mais quadros vai empregar. Para o efeito, a Associação dos Hotéis e Resorts de Angola entende que se precisa trabalhar mais e falar pouco para que o sector do turismo seja uma área estratégica para acrescentar valor a economia angolana.
“O grande desafio é fazer com que o turismo venha a absorver nos próximos anoa muita gente”, disse Ramiro Barreira, para quem o envolvimento de todos os sectores é fundamental.
Há 4 anos a AHRA tinha nas suas projecções cerca de 600 mil visitantes\turistas a disfrutar das paisagens angolanas, porém nos últimos três anos (2015, 2016 e 2017) a situação piorou devido a crise económica e financeira, o que resultou na redução da presença de turistas no país.
A organização pretende implementar o Prémio de Qualidade dos Hotéis o que vai permitir a demonstração de trabalhos num bom ambiente de concorrência. Isto, de acordo com Ramiro Barreiro vai permitir que os hotéis angolanos trabalhem com maior rigor e prestam um serviço com maior qualidade.
A Conferência Nacional de Quadros da Hotelaria e Turismo, levou a debate assuntos como “Recursos humanos no desenvolvimento da hotelaria e turismo em Angola” e “a importância dos recursos humanos na dinamização do turismo em Angola”.
As discussões à volta da melhoria do sector hoteleiro e turístico em Angola surgem numa altura em que pesquisas internacionais denunciadas pela ONG portuguesa Quercus, durante o 8º Fórum Mundial da Água realizado entre 18 e 23 deste mês em Brasília\Brasil dão conta que a água engarrafada consumida em Angola não é potável, sendo que, tem sido contaminada à partida pelo plástico usado para sua conservação.
A Associação Angolana de Defesa dos Direitos do Consumidor diz que a situação é preocupante ademais, chama atenção para a Constituição da República, no seu o artigo 89, alínea H, sobre a Organização Económica, Fianceira e Fiscal.
O Presidente da AADIC, Diogénes de Oliveira, entende que a situação preocupa à todos os consumidores no que toca a qualidade dos bens e serviços que se prestam aos cidadãos.
A Juventude Ecológica Angolana também já reagiu a esta informação divulgada recentemente no Brasil. O Presidente da JEA, José Silva, acrescenta que estudos desta natureza também foram desenvolvidos nas américas e com amostras de países próximos à Angola. Os resultados, segundo o ambientalista, são assustadores.