“Temos uma riqueza extraordinária que podemos oferecer ao mundo a partir da economia do turismo cultural, que pode ser a salvação de África”, afirma Chares Akibodé.
Akibodé, Presidente do Instituto de Investigação e Promoção Culturais de Cabo Verde, diz que no mundo “cada vez mais as pessoas estão à procura de sítios de memórias” e para aproveitar essa oportunidade os países deverão preparar espaços para o efeito.
Para o caso especifico de Cabo Verde, Akibodé dá o exemplo de locais associados ao comércio de escravos ou o Campo de Concentração do Tarrafal, que podem atrair turistas.
Mas a tarefa não é simples. “A maior dificuldade tem a ver com o desconhecimento, distanciamento em relação ao património histórico e memória colectiva”, diz Akibodé.
Em resposta a isso, o Instituto de Investigação e Promoção Culturais de Cabo Verde vai lançar um guia de identificação desses sítios nos 22 municípios do país.
Akibodé explica que é um inventário comunitário, participativo e inclusivo, que estimula as pessoas a perceberem que a preservação é tarefa de todos.
Tornar a cultura sustentável
Em Moçambique, há também uma visão sobre o turismo cultural, mas, neste momento, em termos de preservação, a prioridade vai para o património da luta armada, diz a Directora Nacional de Património Cultural, Solange Macamo.
Tal, diz Macamo, não significa necessariamente que as outras áreas são negligenciadas, daí a aposta no registo, classificação e promoção de locais como o Pórtico das Deportações, em Inhambane; Rampa de escravos Mossuril; ou Jardins de Memória, uma iniciativa com as Ilhas Reunião.
“Mesmo não tendo meios, nós temos que saber o que temos”, diz Macamo, que recentemente participou num intercâmbio nos Estados Unidos.
Não ter dinheiro para tanto abre espaço para uma reflexão para se encontrar formas de tornar a cultura sustentável.
“A frustração não é tanta (…) abre caminho para o desafio de o ministério da cultura e turismo ser produtivo e não de mão estendida. Mas temos de trabalhar muito, diz.
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