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Trump e Biden "enfrentam-se" sobre resposta à Covid-19 em palcos televisivos separados


Donald Trump e Joe Biden
Donald Trump e Joe Biden

Ambos candidatos responderam a perguntas de eleitores em duas cadeias televisivas e no mesmo horário

O Presidente americano Donald Trump e o seu opositor democrata na corrida à Casa Branca, Joe Biden, enfrentaram nesta quinta-feira, 15, perguntas de eleitores em palcos separados, no mesmo horário e em duas cadeias televisivas, no dia em que deviam participar no segundo debate presidencial, que foi cancelado.

Biden criticou o que chamou de resposta "em pânico" do Presidente à pandemia do coronavírus, enquanto Trump defendeu a forma de lidar com a crise que matou mais de 217 mil americanos.

Os chamados town halls, ou seja programas com audiência, aconteceram a 19 dias da eleição de 3 de novembro e quando mais de 18 milhões de pessoas já votaram, numa eleição totalmente atípica.

"Ele disse que não contou a ninguém porque temia que os americanos entrassem em pânico", disse Biden em referência ao facto de o Presidente ter sido informado do perigo do novo coronavírus e não ter tomado medidas drásticas.

"Os americanos não entraram em pânico. Ele entrou em pânico”, acrescentou o democrata no progama na cadeia ABC, realizado em Filadélfia.

Por seu lado, Trump defendeu tanto a sua resposta à pandemia quanto a sua própria conduta pessoal, incluindo a realização de um evento no Rose Garden na Casa Branca, onde poucos usavam máscaras e vários participantes contraírem a doença.

"Eu sou o Presidente, preciso ver as pessoas, não posso estar no porão", disse Trump à NBC em frente a uma audiência ao ar livre de eleitores em Miami, mas não afirmou setinha recebido o resultado positivo à Covid-19 antes do primeiro debate com Biden a 29 de setembro.

Ele disse que "ouviu histórias diferentes" sobre a eficácia das máscaras e que 85 por cento das pessoas infectadas usavam máscaras.

Outro tema da conversa com o Presidente foi o QAnon, a falsa teoria da conspiração de que os democratas fazem parte de uma rede mundial de pedofilia e que Trump é o salvador da América.

Trump começou por elogiar os adeptos da movimento contra a pedofilia, para depois dizer que desconhece a existência dessa teoria.

Impostos e Supremo Tribunal

O Presidente também defendeu que paga impostos e esquivou-se a responder a várias perguntas na sequência da reportagem do jornal New York Times que revelou que ele não pagou impostos durante duas décadas.

“Pago milhões de impostos e o IRS (Departamento de Impostos) me trata muito mal”, afirmou Trump, reiterando que os números do jornal estavam "errados".

As audiências de confirmação no Senado da juíza Amy Coney Barrett para o Supremo Tribunal foi alvo dos programas, com respostas bem diferentes.

O candidato democrata disse “não ser adepto” do aumento do número de juízes do Supremo Tribunal, como defendem muitos democratas, visando o reequilíbrio de forças, mas recusou-se a descartar essa ideia, afirmando, ante questionamentos do jornalistaGeorge Stephanopoulos, “que vai depender de de como isso vai acabar".

Por seu lado, Donald Trump, que manifestou o seu desejo em ter um Supremo Tribunal conservador e que escolheu Barrett, defendeu a sua proposta mas não disse se gostaria de ver ilegalizado o aborto nos Estados Unidos, como defendem muitos republicanos.

"Creio que ela vai tomar uma grande decisão", disse o Presidente, acrescentando não ter dito a Barrett que decisão tomar”.

Economia e transferência de poder

Noutros temas, o Presidente prometeu uma rápida recuperação do país após o choque causado pelo início da pandemia e disse que os resultados surgirão em novembro.

"Nossa economia está forte e temos empregos como nunca", disse, ao citar também que o Governo "reconstruiu as Forças Armadas e as fronteiras".

O Presidente, que tem escusado a dizer se aceita entregar o poder, admitiu que vai aceitar uma transferência pacífica caso perca para Biden.

"Mas eu quero que seja uma eleição honesta", reiterou, sublinhando que "acredita fortemente que vencerá a eleição".

Antes, ele tinha sugerido que a lisura da votação estava em risco ao ser informado sobre "milhares de boletins de voto em latas de lixo", apesar de, como lhe indicou a jornalista Savannah Guthrie, o próprio director do FMI ter dito não haver indícios de fraude.

Afro-americanos e transgéneros

O antigo vice-presidente ouviu a pergunta de um afro-americano que, em tom provocativo, evocou uma declaração pela qual Biden já se desculpou, feita em maio, de que negros que tinham dúvidas sobre em quem votar ‘não são negros’, perguntando o que mais ele teria a dizer a esses eleitores.

Biden respondeu com os planos que tem para ampliar fundos para escolas frequentadas por pessoas de baixo rendimento e auxílio para financiamentos àqueles que desejam comprar a sua primeira casa, além de ajuda a empreendedores negros, que actualmente têm mais dificuldades em conseguir verbas.

Ele citou ainda dados sobre universidades negras e a sua posição sobre reforma do sistema de justiça como pontos que o tornariam mais atraente a esses eleitores do que Trump.

Acerca da violência policial, Joe Biden disse ser a favor de uma reforma nacional significativa, que a reaproxime da comunidade.

“A maioria dos policiais não gosta dos maus policiais. Temos que ter transparência. Se um policial tiver que ser acusado, por exemplo, tem que ser por um procurador de fora da comunidade. Outra coisa é que a polícia precisa trabalhar junto com psicólogos e assistentes sociais”, ressaltou.

Questionado por uma mãe de duas meninas, uma delas transgénero, que citou políticas discriminatórias do Governo Trump, que não permitem que transgéneros se alistem nas forças armadas, o antigo vice-presidente prometeu mudar a lei.

“Eliminarei esses decretos presidenciais”, garantiu o democrata, dizendo que deveria existir "zero discriminação" e que “não há razão para sugerir que deva ser negado qualquer direito à sua filha”.

O segundo e último debate entre Donald Trump e Joe Biden está marcado para o dia 22.

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