O sudanês Abdul Haroun, que percorreu o Eurotúnel a pé no ano passado, exemplo extremo das medidas desesperadas que alguns refugiados tomam para chegar à Grã-Bretanha, foi condenado a nove meses de prisão, hoje, 23, mas saiu livre do tribunal por causa do tempo que já passou detido.
Ouvido num tribunal d Canterbury, Haroun, de 40 anos, declarou-se culpado de obstruir uma ferrovia.
Haroun, que fugiu de sua casa na região violenta de Darfur, no Sudão, foi preso pela polícia britânica depois de caminhar 50 quilómetros a partir da França na escuridão quase total enquanto comboios passavam ao lado.
Ele foi o primeiro refugiado de que se tem conhecimento a ter atravessado o Eurotúnel a pé.
Segundo reportagem da Reuters, Haroun contou ter saltado uma cerca divisória perto do porto francês de Calais e evitado os comboios se agarrando a ganchos de metal nas paredes quando os ouvia se aproximarem.
"Mesmo que eu morresse, não havia outra solução", disse.
Haroun passou cinco meses na prisão até receber asilo em dezembro e foi solto sob fiança no mês seguinte, mas continuou a enfrentar uma acusação criminal. Inicialmente ele havia se declarado inocente, mas mudou o seu depoimento nesta quarta-feira.
A operadora do túnel, a Eurotúnel, e alguns políticos haviam pedido que ele fosse punido com todo o rigor da lei para desestimular outros a repetirem a sua façanha, mas defensores dos direitos dos refugiados disseram que ele não deveria ter sido processado pela maneira que entrou no país.