O tribunal provincial de Luanda ordenou nesta segunda-feira, 30 de Dezembro, o congelamento de todas as contas e bens de Isabel dos Santos, do seu marido Sindika Dokolo, bem como do presidente do Banco de Fomento de Angola, Mário Leite da Silva.
A decisão está contida num longo despacho em que “ficou provada a existência de um crédito para com o Estado” de mais de mil e 100 milhões de dólares e em que na sequência desses negócios o Estado transferiu por via das empresas Sodiam e Sonangol “enormes quantias em moeda estrangeira... sem que houvesse o retorno convencionado”.
Segundo o despacho Isabel dos Santos, o seu marido e Mário Leite da Silva “reconhecem a existência das dívidas, porém alegam não ter condições para pagar”.
O despacho do tribunal diz ter ficado provado que “Isabel dos Santos tem tentado vender a participação social que tem na sociedade UNITEL” e “tem tentado transferir avultadas quantias em euros para a Rússia a partir de Portugal por intermédio de Leopoldino Fragoso Nascimento, que tem encetado contactos para investir no Japão.
A nota ainda revela que que boa parte dos seus investimentos e património não se encontram em Angola”.
Noutra parte do despacho, foi revelado que a Polícia Judiciária portuguesa interceptou uma transferência no valor de 10 milhões de euros “que se destinava à Rússia”.
O tribunal decidiu congelar também todos os saldos daquelas personalidades no Banco Internacional de Crédito, Banco do Fomento de Angola, Banco Angolano de Investimentos e Banco Económico.
Foram também congeladas as participações no Banco Internacional de Crédito, Banco de Fomento de Angola, UNITEL, ZAP Media, Finstar, Cimangola, Condis Sociedade de Distribuição de Angola, Continente Angola e Sodiba.
A decisão do tribunal de 23 de Dezembro só hoje foi publicada e surge numa altura em que o diário britânico The Guardian e o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação preparam a publicação de uma série de artigos sobre a corrupção da família do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos.