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Três quartos das empreitadas em Angola estão paralisadas


 Benguela - Obras de hospital abandonadas
Benguela - Obras de hospital abandonadas

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados recentemente apontam que 75% das obras de construção civil iniciadas em Angola estão paralisadas com Luanda, Benguela, Cabinda e Uíge a liderarem a lista de províncias com maior número de empreitadas Nessa situação.

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Analistas apontam os responsáveis do sector da Construção de falta rigor na concepção e planificação das obras e na deficiente capacidade de previsão dos fenómenos económicos por parte dos responsáveis dos respectivos departamentos do Governo.

O Inquérito Trimestral de Avanço e Acompanhamento dos Edifícios em Processo de Construção (ITAEPC) do INE, referente ao 1º trimestre de 2024 , aponta que num universo de 5.119 obras visitadas, apenas 1.271 estão em processo de construção estando 3.848 paralisadas.

O destaque vai para Benguela, com 99%, Cabinda, 96%, e Uíge com 94% de obras paralisadas.

Em Luanda apenas 38% das obras foram reportadas como estando paralisadas.

No período homólogo de 2023, estavam paralisadas no país 2.916 obras diversas o equivalente a 72,6% .

Em relação às obras em construção o levantamento do INE aponta para a existência no período em análise, aponta Luanda com 30, 37/%, Bié com 12,27%, Bié com 12,04%, Lunda-Sul com 11,09% e Huambo com 10,46%.

O inquérito revela que 95% das obras visitadas pelo INE destinam-se à habitação e as restantes referentes à construção para comércio, escolas, hospitais, e hotéis, indústria, escritórios e igrejas

A par da iniciativa pública, muitas destas obras são promovidas pelas administrações municipais, que, por questões de orçamento, podem ter deixado de cumprir os prazos de pagamento resultando o seu abandono por parte dos empreiteiros.

O responsável do Observatório Político e Social, Sérgio Calundungo, não tem dúvidas quanto aos culpados do fenómeno afirmando que “muitas obras ficaram paralisadas por erros de planificação e e não por situações inesperadas porque as pessoas conhecem o comportamento da nossa economia”.

Sérgio Calundungo
Sérgio Calundungo

Para aquele líder associativo, “quando alguém se propõe a realizar uma obra queremos acreditar que tinha um plano de execução, um volume de dinheiro previsto e tinha também uma certa certeza à volta da existência deste volume de financiamento”.

Por sua vez, o analista social, Elson de Carvalho, defende a responsabillização “das pessoas porque a culpa não pode morrer solteira”.

“Primeiro temos de saber das razões que levaram a que essas obras ficassem paralisadas, sendo que inicialmente é feito um estudo económico e financeiro para sustentar a obra”, disse.

“Não é possível que as obras parem, na forma como paralisaram , sem trazer os resultados que se esperavam depois de um brutal investimento”, apontou aquele analista.

Elson de Carvalho afirma não acreditar que “ os nossos académicos não tenham a capacidade para prever as oscilações do câmbio ou mesmo a escassez financeira porque nós sabemos a condição em que o país e o mundo se encontram”.

Na opinião do membro da organização S.O.S-Habitat, Rafael de Morais , a paralisação das obras aprovadas pelo governo tem influência directa na na precariedade da vida das populações angolanas, a começar pela capital do país, Luanda.

Rafael de Morais activista SOS Habitat - Luanda
Rafael de Morais activista SOS Habitat - Luanda

O ativista denuncia que muitos fundos alocados pelos Estado para as obras sociais têm caído na teia da corrupção para favorecer “empresas sem estrutura física ou criadas por mecanismos não legais”.

Entretanto o Conselho de Governação Local realizado recentemente na província do Cunene fez saber que 1.233 projectos do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) foram concluídos, até finais de Julho último, em todo o país.

Segundo o Governo, o PIIM tem uma carteira de dois mil 325 projetos inscritos estando concluídos os relativos a 44 unidades sanitárias, entre as quais 35 centros de saúde com uma média de 30 camas cada, seis hospitais gerais (um provincial, quatro municipais e um de especialidade) e três centros materno-infantis.

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