As forças israelitas atacaram Gaza, na noite de sexta-feira e no início de sábado, quando a guerra contra os militantes do Hamas se aproximava de 100 dias.
A Agence France-Presse citou testemunhas que afirmaram que os bombardeamentos israelitas, na sexta-feira, atingiram áreas entre as cidades de Khan Yunis e Rafah, no sul de Gaza.
O principal fornecedor de Internet em Gaza disse que todos os serviços de Internet e telecomunicações foram cortados, na sexta-feira, como resultado do bombardeamento israelita.
O exército israelita disse que as suas forças mataram três militantes que atacaram um assentamento judaico na Cisjordânia ocupada na sexta-feira.
Num comunicado, os militares afirmaram que os militantes se infiltraram no assentamento de Adora, cerca de 20 quilómetros a oeste da cidade de Hebron. O exército disse que os soldados foram atacados durante uma busca na área.
Andrea De Domenico, chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários nos Territórios Palestinos Ocupados, disse, na sexta-feira, que Israel tem sido “muito sistemático ao não nos permitir apoiar hospitais, o que é algo que está a atingir um nível de desumanidade que , para mim, está além da compreensão."
As Nações Unidas expressaram preocupação com as novas ordens de evacuação emitidas, quinta-feira, no sul de Gaza pelos militares israelitas.
O escritório de assuntos humanitários afirma que a população de uma área de 4,6 quilómetros quadrados em Al Mawasi e vários quarteirões perto de Salah Ad Deen Road foi instruída a se mudar para Deir al Balah, onde as Forças de Defesa de Israel continuam a conduzir ataques aéreos.
“Espera-se que mais de 18 mil pessoas e nove abrigos, que acomodam um número desconhecido de pessoas deslocadas internamente, sejam afetados por esta última rodada de ordens”, disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, na sexta-feira.
Um jornalista da Agence France-Presse informou que ataques e bombardeamentos de artilharia atingiram áreas entre as cidades de Khan Younis e Rafah, no sul, que estão lotadas de pessoas que fugiram do norte.
O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, informou, na sexta-feira, que cerca de 151 palestinos foram mortos e outros 248 ficaram feridos em ataques aéreos israelitas, nas últimas 24 horas.
Num comunicado, o ministério afirmou que, pelo menos, 23.708 pessoas – dois terços das quais mulheres e crianças – foram mortas desde o início do conflito.
Deslocamento forçado
O ataque terrorista do Hamas, em 7 de Outubro, no sul de Israel desencadeou a guerra.
Os combatentes mataram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram cerca de 240 outras. Desde então, Israel disse aos palestinos no norte de Gaza para se deslocarem para o sul, enquanto lançava uma invasão terrestre contra o Hamas, que a União Europeia e Estados Unidos designam terrorista.
As Nações Unidas afirmam que 1,9 milhões de pessoas – quase 85% da população de Gaza – estão agora s numa área cada vez menor no centro e sul da Faixa de Gaza e vivendo em condições horríveis.
Alimentos, água potável, suprimentos médicos e até casas de banho são escassos. A subnutrição está a aumentar e os trabalhadores humanitários não conseguem levar ajuda adequada a Gaza.
“Fornecer assistência humanitária em Gaza é quase impossível”, disse o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, numa reunião do Conselho de Segurança, na sexta-feira.
Ele e outros responsáveis da ONU também estão preocupados com as declarações de algumas figuras políticas israelitas que apelam à transferência em massa de palestinianos de Gaza para países terceiros.
“Essas declarações levantam sérias preocupações sobre a possível transferência ou deportação forçada em massa da população palestiniana da Faixa de Gaza, algo que seria estritamente proibido, é claro, pelo direito internacional”, disse Griffiths.
O chefe do escritório de Direitos Humanos da ONU em Nova Iorque disse na reunião que as ordens de evacuação de Israel não “cumprem as condições necessárias para a legalidade, portanto, potencialmente equivalem a uma transferência forçada – um crime de guerra”.
Ilze Brands Kehris disse que os palestinianos devem ter uma “garantia férrea” de que poderão regressar a casa. Ela sublinhou que Israel, como potência ocupante, deve apoiar o seu regresso, restaurando serviços essenciais e facilitando a necessária reconstrução de Gaza.
A embaixadora dos EUA na ONU também deixou claro que os civis não devem ser forçados a deixar Gaza “em nenhuma circunstância”.
Linda Thomas-Greenfield disse que Washington rejeita declarações de ministros e legisladores israelitas que pedem o seu reassentamento fora de Gaza.
“Estas declarações, juntamente com declarações de autoridades israelitas apelando aos maus tratos aos detidos palestinianos ou à destruição de Gaza, são irresponsáveis, inflamatórias e apenas tornam mais difícil garantir uma paz duradoura”, disse Thomas-Greenfield
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