A aguardar esclarecimento
O juiz Manuel Pereira da Silva não respondeu a uma “Reclamação de Aclaração” apresentada pela defesa do jornalista e advogado William Tonet, condenado a um ano de prisão e ao pagamento de indemnização no valor de 100 mil dólares.
O juiz pediu que se aguardasse por uma notificação que deverá fazer chegar nos próximos dias.
Os advogados buscavam uma clarificação da parte do tribunal, face ao que designavam de decisão contraditória do juiz, que fixava num despacho sobre a sentença, um prazo de pagamento dos valores da indemnização, mesmo com recurso interposto na altura.
O jornalista apresentou-se, esta segunda-feira, de manhã no tribunal e - segundo afirmou - preparado a ir para a cadeia.
Com apertada segurança policial, equipada com meios electrónicos de vigilância, fixados na zona do BPC, imediações do Palácio Dona Ana Joaquina, familiares e amigos tiveram grande presença no tribunal. Encheram a sala de audições, para ouvir qual seria o futuro daquele escriba.
Um oficial de diligências, aparentemente enviado pelo próprio juiz, identificou-se com o nome de Paulo Lucas e entrou para a sala perguntando o porquê da presença numerosa de pessoas! Foi então que disse que William Tonet não iria para a cadeia, ainda que não pagasse a caução estabelecida. Sem ser muito profundo, adiantou o oficial que, para se chegar à cadeia, seria necessária uma outra diligência.
Portanto, terminou o prazo de cinco dias estabelecido pelo tribunal. William Tonet não vai para a cadeia, mas fica implantada a dúvida sobre a decisão que o juiz tomou.
Perguntei a David Mendes se não via no facto, como forma de pressão do seu constituinte que reiterou um apelo para a recolha de fundos para completar-se o valor total da indemnização. Desta campanha, segundo ele mesmo disse, foram contabilizados 70 mil dólares americanos contribuições da sociedade. Trata-se dum movimento jamais registado aqui em Angola.
Facto curioso, William Tonet, que entrou para o tribunal na condição de réu, viu-se de seguida, como advogado, a participar dum julgamento de três casos, na mesma sala e com o juíz Manuel Pereira da Silva, que o condenou.