A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta sexta-feira, 24, que vai deixar o cargo a 7 de Junho, no meio do impasse do Brexit, abrindo caminho a possíveis eleições legislativas.
“Está claro para mim que é do interesse do país um novo primeiro-ministro para liderar esse esforço. Anuncio hoje que irei renunciar como líder do Partido Conservador e Unionista na sexta-feira, 7 de junho”, disse May num discurso durante o qual não escondeu a emoção, tendo deixado cair algumas lágrimas.
A primeira-ministra, que estava a sofrer uma forte pressão para deixar o cargo, inclusive dentro do seu próprio partido, garantiu que fez o seu melhor ao tentar implementar o Brexit.
"Eu fiz tudo o que eu podia para convencer os parlamentares a apoiarem esse acordo [do Brexit]. Infelizmente, eu não fui capaz de fazer isso. Eu tentei três vezes”, afirmou May que, em lágrimas, considerou que “será motivo de profundo pesar” que “não tenha sido capaz de entregar o Brexit”.
"Eu, em breve, vou deixar a função que foi a honra da minha vida: a segunda primeira-ministra mulher, mas certamente não a última. Eu fiz isso sem ser obrigada, mas com uma gratidão enorme e duradoura em ter tido a oportunidade de servir o país que eu amo”, concluiu.
Crítico de Theresa May, o ex-ministro de Relações Exteriores e ex-presidente da Câmara Municpal de Londres, Boris Johnson, que liderou a campanha em defesa do Brexit, é o favorito ao cargo e já revelou a sua disponibilidade.
No início da semana, May tinha apresentado a sua terceira e última proposta a ser submetida aos deputados britânicos, mas não passou entre os conservadores.
Oposição pede legislativas e novo referendo
Entretanto, do lado da oposição, o líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, saudou a demissão de May e pediu a realização de eleições legislativas.
"Ela admitiu agora o que o país já sabe há meses: ela não consegue governar, nem o seu partido dividido e em desintegração", afirmou Corbyn num comunicado, no qual diz antever "semanas de disputas internas, seguidas por outro primeiro-ministro não eleito".
Ele reiterou o pedido de uma “uma eleição legislativa imediata".
Por seu lado, o líder do partido Nacionalista Escocês, (SNP), Nicola Sturgeon, receia que a partida de May não resolva o 'Brexit' e reitera a necessidade de um novo referendo, além de eleições legislativas.
"Dadas as circunstâncias actuais, também me parece profundamente errado que outro 'Tory' seja instalado no Número 10 sem uma eleição nacional", destacou no Twitter.