ONG´s moçambicanas insurgem-se contra a forma como a empresa mineira brasileira Vale Moçambique reassentou populações que foram desalojadas dos seus locais habituais de residência.
Mais de 700 famílias reassentadas na região de Cateme, no distrito de Moatize, Província de Tete, insurgiram-se na madrugada do dia 10 de Janeiro de 2012, bloquearam a linha férrea, protestando contra a constante violação de seus direitos, alegando “as péssimas condições de vida a que estão sujeitas pela Vale sob o olhar passivo do governo de Moçambique desde finais de 2009, altura do seu reassentamento”.
De acordo com a organização Justiça Ambiental, “as manifestações foram o culminar de um longo processo caracterizado por promessas falsas e total falta de respeito, transparência, consideração e ética para com as famílias reassentadas, onde os acordos alcançados entre estas e a Vale durante o processo de consulta pública aparentam não ter qualquer validade, com a cumplicidade e conivência das entidades governamentais, agravando e perpetuando as já tão difíceis condições de vida a que as famílias reassentadas estão sujeitas desde finais de 2009”.
Ainda segundo a Justiça Ambiental, as autoridades locais de Moatize “recorreram à Polícia da República de Moçambique-PRM e à Força de Intervenção Rápida-FIR, que reprimiu brutal e violentamente as famílias reassentadas em Cateme”.
Dionísio Nombora, investigador do Centro de Integridade Pública de Moçambique, contou à VOA o que se passa em concreto no distrito de Moatize.
A VOA tentou, sem sucesso, entrar em contacto directo com um porta-voz da Vale Moçambique. Entretanto, o director para área de sustentabilidade na Vale Moçambique, Adriano Ramos, reconheceu publicamente a justeza das reivindicações das famílias desalojadas, garantindo que o problema será resolvido nos próximos seis meses.
"Acho que faltou diálogo entre a população, a Vale e o Governo. É preciso que tenhamos um diálogo permanente porque a nossa vontade é ver o desenvolvimento de todas as partes, sobretudo de Moçambique. Temos que reconhecer que os processos são dinâmicos. O que era bom há dois anos hoje pode não ser", disse Ramos.