As acções terroristas do Estado Islâmico em Moçambique são preocupantes, disse, esta semana, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, um especialista internacional, que julga que a luta passa pela solidariedade global.
Weixiong Chen, director-executivo do Comité de Combate ao Terrorismo, que disse que “o terrorismo não existe no vácuo”, sublinhou que, tal como em Moçambique, a situação tornou-se mais preocupante nas regiões ocidental e central de África.
Falando em Nova Iorque, num encontro sobre as ameaças à paz e segurança, Chen abordou a complexidade da luta contra as acções de terroristas.
“Enfrentamos uma série de desafios globais sobrepostos que podem complicar as nossas respostas contra o terrorismo e exacerbar a ameaça representada pelo Da’esh (Estado Islâmico) e outros grupos terroristas,” disse Chen.
Especialistas têm, muitas vezes, advertido que os grupos terroristas exploram as dinâmicas do conflito, fragilidades na governação e inequidades para incitar, planear e organizar ataques.
Chen disse que a ameaça representada pelo Da’esh e suas afiliadas permanece global e em evolução, e apesar das recentes perdas de liderança, o grupo continua a aproveitar as condições favoráveis à disseminação do terrorismo.
“O multilateralismo aprimorado, a cooperação internacional e a solidariedade global são a única maneira de combater uma ameaça terrorista global como o Da’esh,” sugeriu Chen.
Abordar vulnerabilidades
Moçambique foi mencionado por a província de Cabo Delgado, desde 2017, ser alvo de uma insurgência ligada ao Estado Islâmico, que resultou na morte de, pelo menos, quatro mil pessoas, deslocou cerca de um milhão e forçou a interrupção de um projecto bilionário de gás natural liquefeito.
Na luta contra a insurgência, Moçambique tem, desde 2021, o apoio dos exércitos do Ruanda e de países da África Austral. Antes, a luta contou com mercenários, incluindo os do grupo russo Wagner.
No encontro de Nova Iorque, Vladimir Voronkov, subsecretário-geral do Escritório de Combate ao Terrorismo das Nações Unidas, instou os Estados Membros a considerar as implicações duradouras de não tomar medidas imediatas para lidar com essa situação perigosa.
Ele disse que “a persistência da ameaça representada pelo Da’esh, bem como a magnitude dos desafios que ele representa, realçam a importância de medidas não militares para combater o terrorismo, e lidar com suas consequências”.
“Eliminar os conflitos é necessário para criar as condições para a sua derrota (…) mas se quisermos nos livrar desse flagelo, devemos também abordar as vulnerabilidades, problemas sociais e desigualdade exploradas pelo grupo, além de promover e proteger os direitos humanos e o estado de direito,” disse Voronkov.