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Terrorismo em Cabo Delgado: Envio de militares do Ruanda adia a resolução do problema


Kagame (no centro) e Nyusi (direita), em Cabo Delgado
Kagame (no centro) e Nyusi (direita), em Cabo Delgado

Analistas políticos questionam o envio de mais tropas do Ruanda para combater o terrorismo na província moçambicana de Cabo Delgado, por representar o adiamento da resolução do problema.

Terrorismo em Cabo Delgado: Envio de mais militares do Ruanda adia a resolução do problema
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O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou, no seu regresso a Maputo, que chega, esta semana, a Cabo Delgado mais um contingente militar do Ruanda. IO anúncio surge depois de Nyusi ter mantido conversações em Kigali, Ruanda, como o seu homólogo Paul Kagame.

O líder moçambicano disse que o reforço do contingente ruandês se deve à saída da Missão Militar da SADC (SAMIM).

De Referir que em Cabo Delgado já se encontra uma força ruandesa constituída por cerca de 2.500 homens envolvidos no combate ao terrorismo.

Mesmo considerando a decisão relativamente compreensível, tendo em conta que a situação tende a agravar-se no terreno - e por ser mais fácil gerir acordos bilaterais do que multilaterais -, alguns analistas dizem que a resolução representa um adiamento da solução para um problema que requer outras opções não apenas militares, uma vez que os ruandeses um dia terão de sair de Moçambique.

Terroristas criam laços

O analista político e pesquisador, João Feijó, não minimiza o impacto deste reforço, dada a evolução da situação no terreno, com os grupos armados a ganharem mais espaço, não só militar como também político.

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‘’O grupo reorganizou-se, conseguiu recuperar a logística e mantém laços com a população e tem as suas zonas de penetração, que é, sobretudo a costa da província de Cabo Delgado, que vai de Mocimboa da Praia até Quissanga, grosso modo’’, diz Feijó.

Perante correntes de opinião que questionam o entusiasmo com que o Ruanda trata assuntos com Moçambique, o analista político, Elcídio Bachita, diz que, neste caso particular, ocorre por ser fácil gerir acordos bilaterais.

Bachita considera os acordos multilaterais difíceis de serem materializados, visto que cada Estado é soberano e decide em função da sua política interna, daí que o acordo entre Moçambique e o Ruanda seja flexível, sendo “fácil negociar entre os dois países a manutenção e o reforço das forças para fazer face à retirada da SAMIM’’.

Acordos secretos

Os ruandeses não vão ficar eternamente em Moçambique e as Forças Armadas de Moçambique precisam de barcos, aviões, radares e de outros meios para um combate eficaz ao terrorismo, acredita o analista Fernando Lima, acrescentando que as acções não devem ser apenas militares, têm de ser de outra natureza.

Por outro lado, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, estranha o secretismo que envolve os acordos entre Moçambique e o Ruanda, sendo para ele preocupante a forma de pagamento da dívida.

“Espero que os moçambicanos não sejam obrigados a pagar uma dívida que não conhecem’’ diz Manteigas, que critica o facto de o Governo afirmar que o Ruanda não exige qualquer compensação.

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