A Comissão de Implementação do Plano de Reconciliação das Vítimas de Conflito, em Angola, entregou nesta segunda, 15, os restos mortais de Salupeto Pena, e Andolosi Mango Alicerces, dois altos dirigentes da UNITA mortos nos confrontos pós-eleitorais em Luanda de 1992.
O acto decorreu nas instalações do Laboratório de Criminalística dos Serviços de Investigação Criminal, na capital angolana, e foi presenciado por membros do Governo, da UNITA e familiares.
Esteves Betatela Isaac Pena, mais conhecido por Kamy, parente de Elias Salupeto Pena, considerou o evento mesmo de doloroso.
“É doloroso, mas pela reconciliação nós estamos dispostos a que isso sirva para todos os angolanos porque a reconciliação é necessária”, afirmou.
Pelo partido UNITA, o presidente Isaías Samakuva afirmou ser “importante que actos desta natureza não se repitam porque há muitos casos, mas que sirvam também de reflexão para todos os angolanos porque é doloroso ver os angolanos desavindos ao ponto mesmo de não se identificarem como nacionais”.
Da parte do Governo o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, afirmou que os conflitos de 1992 foram “um erro político que custou vidas”.
“Chega de erros políticos trágicos, chega de acto de irresponsabilidade política que podem redundar em violência...”, sulbinhou Queiroz.
Elias Salupeto Pena, engenheiro agrónomo e morto a 2 de Novembro de 1992, foi o representante da UNITA na Comissão Conjunta Político-militar, para a implementação dos Acordos de Bicesse e secretário de Estado para Agricultura na Jamba.
Mango Alicerces Andolosi Mango Alicerces, morto a 31 de Dezembro de 1992, exerceu as funções de secretário-geral da UNITA e de representante do partido em Portugal.
Após o fracasso das primeiras eleições democráticas, em Outubro em 1992, Luanda foi palco de violentos confrontos entre as forças militares da UNITA e do Governo que despoletaram mais uma guerra entre as partes.
Na cerminónia, o ministro Francisco Queiroz informou que em breve será feita a entrega das ossadas de Jeremias Chitunda e de Eliseu Chimbili, dirigentes da UNITA e de vítimas do conflito de 27 de Maio de 1977, considerado o maior acto de repressão do partido no poder contra uma ala do próprio MPLA.
A Comissão de Implementação do Plano de Reconciliação das Vítimas de Conflito foi criada pelo Presidente João Lourenço na tentativa de, segundo disse, favorecer a reconciliação nacional.