A companhia aérea de bandeira de Angola, TAAG, vai de reestruturação em reestruturação.
Três anos depois, o Presidente da República voltou a mudar o Conselho de Administração da empresa que tem uma nova estrutura accionista: O IGAPE (Instituto de Gestão e Participações do Estado) detém 50 por cento das acções, a ENANA (Empresa Nacional de Navegação Aérea) tem 40 por cento e os restantes 10 por cento passam a um fundo social de trabalhadores a ser criado pelo Ministério dos Transportes.
Especialistas consideram haver muitas alterações na TAAG mas os problemas mantêm-se, enquanto trabalhadores dizem recear pelo futuro.
A má gestão da coisa pública é, no entanto, apontada como a causa principal dos grandes problemas da companhia.
"Compram-se tantos aviões de grande porte que devia dar mais capacidade de rentabilidade à TAAG, mas os resultados teimam em aparecer, tem havido muitos défices que se resumem num único problema de gestão, definição das estratégias que não têm sido correctas, temos pelo país gestão com corrupção, na qual os gestores apropriam-se do que é publico, os lucros vão para os bolsos de individualidades ao invés de beneficiar a economia do país”, aponta o especialista em gestão de políticas públicas David Kissadila.
Kissadila diz que “todos esses elementos são evidências de que o país precisa rever o seu modelo de gestão económica e confiar pessoas certas".
Entretanto, Gomes Castro trabalhador e líder da comissão sindical da TAAG, entende que deve haver mais profundidade e seriedade nas alterações que têm sido operadas na TAAG.
"São vários projectos de reestruturação na TAAG desde os anos de 1980, mas não se aprofundam os estudos desses projectos de reestruturação, têm sido mais medidas paliativas, entra administração sai administração, não se tomam medidas com seriedade”, aponta Castro que vê mais incertezas com os novos gestores.
"Os trabalhadores ficam sempre numa situação muito crítica, quer dizer nunca se sabe o que será o dia de amanhã, acordar e ficar sem o posto de trabalho, uma incerteza no ar", lamenta aquele sindicalista.
Quanto ao processo de privatização da TAAG, também desconhece-se para quando e como será feito.
O economista e jornalista Carlos Rosado de Carvalho pensa que tão cedo não vai acontecer por causa das eleições do próximo ano.
Em declarações à rádio MFM, sobre a matéria, Carvalho disse que numa situação normal de mercado a TAAG já estaria falida e só não ocorreu porque o Estado injecta dinheiro na companhia de bandeira.
"Estamos no fim de 2021, faltam praticamente dois meses e não há sinal de privatização da TAAG porque isso iria implicar redução de pessoal porque a TAAG tem graves problemas de custos operacionais e num dos custos mais importantes tem a ver com os trabalhadores", lembrou.
O Presidente da República mudou a gestão da empresa no passado dia 20 de Outubro.