Estudantes, pais e encarregados de educação na Guiné-Bissau estão preocupados com as consequências que a decisão do Governo de suspender as aulas na capital do país pode representar para a continuidade dopresente ano lectivo, já marcado por diversas graves.
De acordo com um decreto do Governo, todos os estabelecimentos do ensino público e privado vão ficar encerrados nos próximos 30 dias, durante a vigência do Estado de Calamidade.
Em conversa com a VOA, o presidente da Confederação Nacional dos Estudantes da Guiné-Bissau, Bacar Camará, disse não compreender a medida do Governo “enquanto os transportes públicos e os mercados estão a funcionar".
Camará considera que, ao invés do Governo suspender as aulas, devia investir mais na campanha de sensibilização e “reforçar os mecanismos de prevenção ao nível das escolas e aumentar o nível da higienização".
Com os alunos forçados a ficarem em casa, pais e encarregados de educação manifestam-se apreensivos quanto àao desempenho neste ano lectivo.
Abdu Indjai, vice-presidente da Associação dos Pais e Encarregados de Educação, é da opinião que os 30 dias de suspensão das aulas podem comprometer o presente ano lectivo em Bissau.
“Dentro do sector autónomo de Bissau há escolas ao redor, que pertencem à região de Biombo, e como é que se pode evitar a aglomeração das pessoas nestas escolas que estão situadas dentro de Bissau? Por isso, achamos que o Governo devia pensar de forma diferente para não interromper o ensino aprendizagem”, afirma Indjai.
De notar que o presente ano lectivo está a ser marcado, desde o início, por sucessivas greves decretadas pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné, a maior central sindical guineense.
Ante esta suspensão das aulas e com a falta condições para o ensino à distância e durante a época das chuvas, particularmente nas escolas públicas, o especialista em assuntos do ensino Silvino Yalá, diz“não haver como evitar os prejuízos”.
“Com a paralisação de mais de duas semanas consecutivas e havendo esta suspensão não só ao nível do ensino básico, secundário como ao nível superior, tanto do ensino público como privado, vamos correr o risco não termos um ano lectivo válido”, conclui aquele pedagogo.