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Suspeitos de golpe de Estado na RDC detinham empresas em Moçambique e Essuatíni


Felix Tshisekedi, Presidente da RDC, Paris
Felix Tshisekedi, Presidente da RDC, Paris

Endereço da empresa registada em Chimoio não existe.

Os três suspeitos de conduzir um fracassado golpe de Estado na República Democrática de Congo (RDC), dois cidadãos americanos e o congolês Christian Malanga, que liderou o movimento, detêm um conjunto de empresas mineiras registadas em Maputo e Chimoio, em Moçambique.

A empresa registada em Chimoio tem endereço inexistente.

Ainda não houve qualquer reação por parte do Governo moçambicano sobre as ações dos três implicados no país.

Cole Ducey, natural da Califórnia, e Benjamim Polun, natural de Maryland, de acordo com os passaportes, residiam no bairro do Alto-Maé, no centro da cidade de Maputo, enquanto que Christian Malanga, congolês, vivia nos EUA, portador de um passaporte emitido pelo Essuatíni, onde viveu como refugiado e detinha negócios com a família real.

Ambos tinham negócios em Moçambique e em Essuatíni, ligados à atividade mineira.

Boletins da República (BR) consultados esta terça-feira, 21, pela Voz da América indicam que Cole Ducey, Benjamim Polun e Christian Malanga eram sócios da Bantu Mining Campany, uma empresa envolvida em atividade mineira, criada em julho de 2022.

Em abril do mesmo ano, Ducey, Polun e Malanga abriram a CCB Mining Solutions, em que cada um controlava 33.33% das ações, igualmente envolvida em atividades mineiras.

O trio registou ainda a Global Solutions Moçambique - que já tinha sido fundada em 2019 na Essuatíni -, onde Malanga controlava 55%, contra 45% de Polun.

A firma registada em Chimoio, província de Manica, em Setembro de 2022, atua na área de mineração, construção civil, segurança, educação e saúde.

Endereço inexistente em Chimoio

Em declarações à Voz da América, Zeferino Caito, do departamento das Relações Públicas no Cartório Notarial de Manica, confirmou a existência das empresas e uma investigação da Voz da América constatou que o endereço que consta no registo não existe. A rua referia no endereço não existe na toponímia da cidade.

Confrontado com a informação, Caito disse: “Apenas fizemos a escritura pública como manda a lei”.

O jurista, Sérgio Duque, lamenta que as entidades legais tenham deixado escapar a obrigação de conhecer o domicílio destes, anotando que o Estado moçambicano precisa de se distanciar do incidente.

“Sim, o Estado moçambicano tem que se distanciar, mas ao mesmo tempo era preciso fazer qualquer coisa para evitar que no futuro situações dessa natureza existam”, precisa Duque.

A tentativa de golpe de Estado

Nascido em 1983, na então República do Zaire, Christian Malanga terá morrido durante a tentativa de golpe de Estado, segundo a imprensa congolesa.

Os homens armados também invadiram a residência do vice-primeiro ministro e ministro das finanças da RDC, Vital Kamerche, num ataque que deixou pelo menos três mortos: dois polícias encarregados da segurança do político e um agressor.

Durante a madrugada do fracassado golpe de Estado, o ativista da diáspora congolesa Christian Malanga, que afirma ser um ex-militar, publicou vários vídeos ao vivo na sua página do Facebook, mostrando um grupo de homens armados em uniforme militar no saguão e nos jardins do Palácio da Nação, a residência oficial do Presidente da RDC, Félix Tshiseked.

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Mattew Miller, disse, ontem, que Christian Malanga não era cidadão americano e não confirmou que fosse um residente legal.

Quanto aos restantes dois cidadãos americanos, Miller afirmou que não podia pronunciar-se, por ser informação que viola a privacidade.

A União para a Democracia e Progresso Social, partido no poder na RDC, anunciou uma marcha em repúdio à tentativa de golpe de Estado. Também a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) condenou veemente a tentativa de golpe de Estado ocorrida a 19 de Maio.

Ainda não houve qualquer reação por parte do Governo moçambicano sobre as movimentações dos três implicados no país.

A Voz da América contactou a Embaixada dos Estados Unidos em Maputo para obter um comentário, mas até ao momento ainda não obteve uma resposta.

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