Líderes do recém-independente Sudão do Sul estão reunidos, em Washington, com representantes dos países doadores e potenciais investidores. O encontro - em que participam a Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e Salva Kiir, presidente do Sudão do Sul - ocorre ensombrado pelos conflitos recentes nas áreas fronteiriças do novo Estado. Os EUA advertem para que aqueles dois países vizinhos não alimentem actos de violência.
A conferência de dois dias, patrocinada pelos EUA, destina-se a sublinhar as perspectivas de investimento no Sudão do Sul, potencialmente rico em petróleo.
Mas, a violência desencadeada entre o exército sudanês e os rebeldes com ligações ao Sul do Sudão, nas duas regiões fronteiriças do novo país, está a pôr em causa as esperanças para um rápido crescimento económico.
A ONU revelou, na terça-feira, que mais de 400 mil pessoas foram desalojadas na fronteira do Sudão, nos Estados do Kordofan do Sul e do Nilo Azul, em resultado dos combates, os quais irromperam pouco antes do Sudão do Sul ter obtido a sua independência, em Julho deste ano.
O Sudão acusa o Sudão do Sul de estar a encorajar ataques contra as suas forças por parte do Movimento Popular de Libertação do Sudão, que tem ligações ao movimento independentista do Sul.
Durante uma conferência de imprensa realizada em Washington, o enviado especial americano para o Sudão, Princeton Lyman, disse que a América advertiu seriamente o Sudão do Sul contra acções que possam fomentar conflito nas regiões fronteiriças.
Mas, Lyman adiantou que a principal causa dos distúrbios é o fracasso das autoridades sudanesas em completarem a prometida partilha do poder com o povo das regiões em causa. Disse Lyman: “O governo de Cartum está errado ao dizer que o problema do Kordofan do Sul e do Nilo Azul se levantam devido ao alegado apoio que Sul fornece. Não é essa a fonte do problema. A origem do problema está nas questões políticas naqueles dois Estados – que deveriam ter sido resolvidos através de consultas populares e negociações – e não foram resolvidas.”
Para encorajar o governo de Cartum a cumprir o Acordo de Paz Norte-Sul de 2005, que levou à independência do Sul, os EUA ofereceram a Cartum uma série de incentivos, incluindo o fim das sanções e a normalização das relações.
Mas, Lyman afirma que a violência e a deterioração das condições humanitárias nas regiões afectadas fizeram com que as ofertas americanas foram suspensas.
O enviado americano afirma que a secessão do Sul, que custou 70 por cento dos lucros do petróleo, provocou problemas económicos graves para o Norte, que está em pôr em marcha opções militares nas regiões fronteiriças, o que se revela “muito contraprodutivo” para as necessidades do país.
Raj Shayh, administrador da Agência Americana de Desenvolvimento, afirma que, não obstante os actuais problemas, existe “uma longa fila” de investidores interessados no Sudão do Sul, mas nota que o governo sulista tem que mostrar um empenhamento forte na responsabilização e transparência administrativa.