O Sudão rejeitou um apelo dos peritos das Nações Unidas para que fosse enviada uma “força independente e imparcial” para proteger milhões de civis que abandonaram as suas casas devido à guerra.
O conflito que se desenrola desde abril do ano passado, colocando o exército contra forças paramilitares, matou dezenas de milhares de pessoas e desencadeou uma das piores crises humanitárias do mundo.
Os peritos independentes das Nações Unidas afirmaram na sexta-feira, 6, que a sua missão de apuramento dos factos tinha descoberto violações “horríveis” por ambas as partes, “que podem constituir crimes de guerra e crimes contra a humanidade”. Os mesmos apelaram ao envio “sem demora” de “uma força independente e imparcial com um mandato para salvaguardar os civis”.
O governo sudanês rejeita na íntegra as recomendações da missão da ONU".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros sudanês, que é leal ao exército do general Abdel Fattah al-Burhan, declarou em comunicado que rejeita as recomendações.
O Conselho dos Direitos Humanos da ONU, que criou a missão de inquérito no ano passado, foi considerado “um órgão político e ilegal” e as recomendações do painel “uma violação flagrante do seu mandato”.
Segundo os peritos da ONU, oito milhões de civis foram deslocados e outros dois milhões de pessoas fugiram para os países vizinhos. Mais de 25 milhões de pessoas - mais de metade da população do país - enfrentam uma grave escassez de alimentos. O chefe da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa visita ao Sudão no domingo, disse: “A escala da emergência é chocante, tal como o é a insuficiência das medidas tomadas para travar o conflito e responder ao sofrimento que está a causar.”
Em Porto Sudão, para onde foram transferidos os escritórios do governo e das Nações Unidas devido aos intensos combates na capital Cartum, Tedros apelou ao “mundo para acordar e ajudar o Sudão a sair do pesadelo que está a viver”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão acusou as Forças de Apoio Rápido paramilitares, lideradas pelo antigo adjunto de Burhan, Mohamed Hamdan Daglo, de “atacar sistematicamente civis e instituições”. “A proteção dos civis continua a ser uma prioridade absoluta para o governo sudanês”, afirmou.
A declaração acrescenta que o papel do Conselho dos Direitos Humanos da ONU deveria ser “apoiar o processo nacional, em vez de procurar impor um mecanismo exterior diferente”. A declaração também rejeitou o pedido dos peritos de um embargo de armas.
A declaração também rejeitou o pedido dos peritos de um embargo de armas.
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