Venâncio Mondlane, que pretende ser presidente da Renamo, recebeu o apoio de Billal Sulay, filho de Afonso Dhlakama, que diz estar a sensibilizar os membros do Conselho Nacional do partido sobre a necessidade de se colocar a juventude na liderança da Renamo.
Tal apoio, que é considerado de peso, segue a narrativa de que só um candidato jovem pode ombrear com o concorrente da Frelimo nas eleições presidenciais de 9 de Outubro próximo.
Mas José Manteigas, porta-voz do partido, diz que Venâncio Mondlane não é candidato a nada sem aprovação dos órgãos do partido Renamo.
O Conselho Nacional da Renamo, maioritariamente constituído por membros já idosos, é que elege ou decide sobre quem deve ser o candidato presidencial, o que pode não jogar muito a favor de Venâncio Mondlane.
Sulay diz que pretende resgatar o partido e só pode fazê-lo com jovens como Venâncio Mondlane, "que tem todo o meu apoio, porque o partido precisa de sangue novo, respeito muito os mais velhos, mas fico triste quando ouço algumas declarações feitas por eles, porque contrariam os ensinamentos do general Afonso Dhlakama, meu pai.’’
O filho do líder histórico da Renamo, Afonso Dhlakama, escreveu na semana passada, uma carta aberta a Ossufo Momade, transmitindo preocupação em relação à decisão de se auto-candidatar às eleições presidenciais sem passar pelo Congresso.
Não se conhece a posição de André Matsangaissa Júnior, filho daquele que foi o fundador da Renamo, relativamente à figura de Venâncio Mondlane, mas no passado foram públicas as suas criticas à liderança de Ossufo Momade.
O analista político e pesquisador do Centro de Integridade Pública, Ivan Mausse, diz que faz todo o sentido a Renamo avançar com uma candidatura jovem, sublinhando que a liderança de Ossufo Momade está a ser contestada tanto dentro como fora do partido.
Fiscalização
Mausse refere que ‘’num quadro em que o país é feito de jovens, colocando Venâncio Mondlane como potencial candidato à presidência da Renamo e às eleições presidenciais, claro que ele estará em condições de ombrear com o candidato da Frelimo’’.
Contudo, aquele analista afirmou que ‘’isto não basta, é importante também que a Renamo se muna de outros aspectos, como por exemplo, garantir que o processo de fiscalização das eleições seja mais efectivo, porque em Moçambique as eleições não se ganham somente nas urnas, mas também ao nível dos tribunais, da Comissão Nacional de Eleições e do Conselho Constitucional’’.
Por seu turno, o analista político Luís Nhachote destaca que Venâncio Mondlane pode ombrear com o candidato presidencial da Frelimo, mas não sabe se ele será a escolha do Conselho Nacional da Renamo, e tudo indica que não’’.
Reagindo, o porta-voz José Manteigas diz que o partido "não pode ser forçado a fazer o seu programa, os seus planos de forma tão imperativa, porque a Renamo não está para obedecer a agendas fora dos seus objectivos".
"A Renamo tem agenda, tem os seus órgãos, e não é vontade de um ou dois, mesmo que sejam membros, que deve imperar no seio do partido,’’ sublinha Manteigas.
Fórum