O Centro de Integridade Pública-CIP, vocacionado à promoção da transparência e boa governação, diz que o sistema de subsídios aos transportadores, introduzido em 2011, encheu os bolsos dos corruptos, mas não aliviou a deficiência no transporte público em Moçambique.
Num estudo divulgado hoje, o CIP refere que de 2011 a 2015, o Estado moçambicano canalizou cerca de um mil milhões de meticais à Federação Moçambicana de Transportadores Rodoviários (FEMATRO) para fazer face à pressão sobre a subida da tarifa dos transportes, nas principais cidades moçambicanas.
Feitas as contas, isto significa que mensalmente, o Estado canalizava à FEMATRO 17, 4 milhões de meticais para os cerca de 2500 operadores das cidades de Maputo, Matola, Beira e Nampula e a vila de Boane, onde a problemática de transportes urbanos se vem agravando ano após ano.
Contudo, com a subida do preço dos combustíveis no mercado internacional, o valor disponibilizado à FEMATRO aumentou para 42 milhões de meticais. O dinheiro, segundo o CIP, era canalizado, mas não era possível saber se os beneficiários colocavam, de facto, as suas viaturas à disposição do público.
No início deste ano, o Governo anunciou que deixa de subsidiar os transportes rodoviários, afirmando que o sistema é insustentável.
O CIP considera que em vez de prestar contas de forma transparente e responsabilizar os possíveis infractores, "o Governo optou por mudar a política de subsídios, ignorando os elevados gastos feitos anteriormente, e pautou agora por atribuir viaturas a transportadores, uma vez mais, de forma pouco clara".
Para o analista Tomás Rondinho neste processo de subsidiar os transportes, houve sempre esquemas de corrupção, deplorando ainda o facto de a problemática dos transportes urbanos estar a agravar-se ano após ano.
O estudo do CIP sublinha ser notória a incapacidade do Governo de autorizar o aumento do preço da tarifa, para além de ser insuficiente a receita para obrir os custos de manutenção.