O Ministério Público são-tomense diz que está a recolher informações sobre o registo do navio Ville d’Abidjan, apreendido no Senegal, a 27 de Novembro, com cerca de tres toneladas de cocaína, ostentando a bandeira de São Tomé e Príncipe, mas políticos da oposição e analistas querem celeridade.
Na semana passada o Procurador-geral da República, Kelve Nobre Carvalho, dava conta de diligências em curso com vista o apuramento da situação de registo do navio apreendido com cerca três toneladas de cocaína, ostentando a bandeira de São Tomé e Príncipe.
Entretanto, a VOA apurou que, a 5 de Novembro de 2020 a embarcação com nome Ville D’ Abidjan foi registada, no país, pelo Instituto Marítimo e Portuário (IMAP), sob o número STP-046-CA, mas os seus certificados caducaram a 20 de Setembro de 2023.
De acordo com a direcão do IMAP, “Ville d’Abidjan” é propriedade da Blue Hills Financial Corporation, do Panamá. A entidade garante que faz cerca de três meses que tenta contatar o respectivo armador, mas sem sucesso.
Nesta terça-feira, 12, uma fonte judicial revelou que o navio apreendido no Senegal está neste momento registado na Serra-Leoa, mas que continuava a operar, ilegalmente, com a bandeira de São Tomé e Príncipe.
A mesma fonte adiantou que Ville d’Abidjan já esteve no porto de São-Tomé em três ocasiões: 13 Dezembro de 2018, 4 Janeiro de 2019 e 4 de Abril de 2019.
Pouca vontade
O MLSTP-PSD, maior partido da oposição, critica o silêncio do governo perante “um caso que mancha a imagem de São Tomé e Príncipe”.
Tal como o MLSTP-PSD, analistas políticos estranham criticam a atitude do governo perante o caso.
“O governo tinha que ter uma ação bastante contundente a nível dos negócios estrangeiros no sentido de limpar a a nossa imagem, e esta diligência tem que ser publicitada”, afirma o analista Arzemiro dos Prazeres, que lamenta a falta de capacidade das autoridades nacionais para a fiscalização dos navios com certificados caducados.
Por seu lado, o analista Liberato Moniz diz que há pouca vontade das autoridades para denunciar os armadores que utilizam ilegalmente o pavilhão de São Tomé e Príncipe.
Para Moniz, “São Tomé e Príncipe é parceira de várias organizações que podem ajudar a combater estes atos, mas parece-me que há pessoas que tiram proveito financeiro dessas situações e não estão interessadas que se tome medidas”.
Silêncio
Até ao momento não houve qualquer reação oficial do governo São-tomense, mas uma fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros disse à VOA que o país está em contato com as autoridades senegalesas para o esclarecimento do caso.
Refira-se que não é a primeira vez que navios ostentando a bandeira de São Tomé e Príncipe são apreendidos em águas internacionais transportando droga.
Durante a operação de busca e apreensão pelas autoridades senegalesas, foram detidas 10 pessoas de diversas nacionalidades, incluindo guineense e cabo verdiana, informou o Centro de Análise e Operações Marítimas, organismo internacional que fiscaliza o combate e tráfico de drogas.
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