O FMI alerta para o nível “elevadíssimo” da divida pública de São Tomé e Príncipe e pediu ao governo do arquipélago informações sobre um contrato de fornecimento de energia elétrica assinado no ano passado com uma empresa turca que opera no país.
A missão técnica do Fundo Monetário Internacional que se encontra no país também manifestou preocupação com a falta de divisas no Banco Central para aquisição de bens essenciais.
Não há dados oficiais, mas especialistas e fontes governamentais dizem que a divida pública de São Tomé e Príncipe ronda nesta altura os 620 milhões de euros, próximo dos 632 milhões de dólares, o valor do produto interno bruto registado no mês passado.
Entretanto o economista Paulo Barros critica o facto do crescimento da divida não ter refletido no investimento público. “Olhando para a realidade do país questionamos este super-endividamento. O quê que se fez com o dinheiro”?
Respondendo, em jeito de outra pergunta, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, disse que “quando você precisa de cerca de cinco milhões de euros todos os meses para pagar salários, cerca de 11 milhões trimestralmente para comprar combustível, o país não produz para isso e os parceiros não te dão nada, o quê que você vai fazer?”
Trovoada pediu uma solução ao FMI, mas que não complique ainda mais o custo de vida da população com aumentos dos preços da energia electrica, dos combustíveis e da taxa do IVA.
Entretanto para o economista Barros o maior problema do FMI “é desconfiança em relação ao mesmo governo que na legislatura entre 2014 e 2018 teria ocultado dívidas para confundir as contas públicas e que nesta legislatura tende a ir pelo mesmo caminho escondendo contratos de prestação de serviços”.
Por seu lado, o analista político Liberato Moniz afirma que a “outra dificuldade no relacionamento entre o governo são-tomense e o FMI tem a ver com os juros de mais de 15 por cento do empréstimo de 30 milhões de dólares contraído no ano passado junto a um banco privado africano para a compra de combustíveis quando se tinha recomendado que o país não deveria ter empréstimos com juro superior a três por cento”.
A Missão técnica do FMI, que se encontra em São Tomé e Príncipe, deve concluir esta semana a avaliação da situação financeira do país, mas o próprio primeiro-ministro não acredita que será desta que as partes chegarão a acordo sobre facilidade de crédito com vista a reposição de divisas no Banco Central.
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