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Sondagem indica vitória do MPLA mas sem maioria absoluta


Um eleitor descarrega o voto numa urna, em Luanda. 23 de Agosto, 2017. Angola
Um eleitor descarrega o voto numa urna, em Luanda. 23 de Agosto, 2017. Angola

Resultado pode ser contudo enganado por alto nível de indecisos

Quando a Assembleia Nacional debate um projecto de lei controlado as sondages eleitorais, um estudo revela que se as eleições em Angola fossem realizadas agora o MPLA conservava o poder, com 29% dos votos, mas perdia a maioria absoluta e a UNITA, líder da oposição, chegava aos 22 por cento.

A sondagem foi levada a cabo pela Afrobarómetro, organização com suporte técnico de universidades dos Estados Unidos da América, África do Sul, Gana e Quénia.

Realizado entre 9 de Fevereiro e 8 de Março de 2022, antes da chegada à Assembleia Nacional da proposta de Lei das Sondagens e Inquérito de Opiniões, este inquérito alerta para um elevado número de cidadãos que não declaram a sua intenção de voto.

No segundo exercício levado a cabo em Angola, quatro anos depois da estreia, mil e duzentos inquéritos realizados em todas as províncias, de forma aleatória, mostram uma descida do MPLA e subida da UNITA, mas também um elemento capaz de baralhar as contas.

O pilotólogo Carlos Pacatolo, investigador da Ovilongo - Estudos de Opinião, que representa o Afrobarómetro no país, lembra que aumentou para 31 % o número dos que não revelam a intenção de voto.

“Quando comparamos com o trabalho que fizemos em 2019, o MPLA tem uma descida de 38 para 29% nas intenções de voto, enquanto a UNITA cresce de 13% para 22, caindo significativamente a distância entre os dois, para 7 por cento”, explica o investigador.

Ele acrescenta que “também o número dos que não declaram é grande, cresce para 31 por cento, e uma soma com aqueles que não sabem para quem vão votar, estamos a falar de 46%, um número grande que obriga a ler com cautela estes resultados”

Quanto à possibildade de aprovação de lei limitando as sondagens Carlos Pacatolo diz que o Afrobarómetro vai trabalhar dentro dos marcos da legislação, mas garante que a missão está para continuar

“O Estado intervém quando o mercado por si só não tem condições para regular os excessos, as inverdades, num cenário em que os honestos começam a ser prejudicados. Os que obedecem a metodologias devem ser protegidos, mas quando a legislação proposta tem mais carácter disciplinador … nada a fazer, vamos nos sujeitar à lei”, disse o académico.

Partidos reagem à proposta de lei

De iniciativa legislativa do Executivo, o diploma proíbe a realização e divulgação de inquéritos de opinião e sondagens no período de campanha eleitoral e à boca da urna , sugestão que está a dividir o MPLA, partido no poder, e a oposição.

A proposta do Executivo ressalta que estudos e sondagens serão permitidos no período eleitoral, “desde que não sejam divulgados nos órgãos de comunicação social", segundo declarou o ministro da Comunicação Social e Tecnologias da Informação, Manuel Homem.

Para o primeiro vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA, Maurilio Luyele, a proibição expressa na proposta de lei “ é uma forma de matar a democracia e a liberdade de expressão”.

O dirigente do maior partido da oposição considera que inquéritos e sondagens de opinião “são coisas que se fazem em todo o mundo democrático”.

O secretário-geral do PRS, Rui Malopa defende, por seu turno, que as sondagens de opinião devem ser permanentes e não restringidas a um determinado período de tempo.

“Não é correcto que se proíba a obtenção de sondagens feitas porque o importante é que se cumpram pressupostos sem necessidade de se estabelecer limites sobre os períodos que elas devem ter lugar”, sublinhou.

Entretanto, o deputado João Pinto, terceiro vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, disse à VOA, ser possível uma aproximação de pontos de vista entre o seu partido e a oposição sobre os artigos fracturantes do diploma.

O dirigente do partido no poder sublinhou que a proposta de diploma visa impedir “ a manipulação da opinião pública.”

“ Temos visto sondagens muito mal feitas. Feitas por organizações que lançam a público, sem credibilidade nenhuma, e que podem ser usadas para criar mal estar ou querer criar uma opinião para manipular a opinião pública”, disse.

“Neste sentido, é importante haver um esclarecimento público sobre o que é uma sondagem e o que não é uma sondagem, bem como sobre aquilo a que podemos chamar cientificamente um resultado fundamentado e aquilo que não passa de um exercício de propaganda”, escreveu o articulista.

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