O Presidente angolano criou um grupo de trabalho para determinar como "melhorar as condições actuais de investimento no sector de petróleo e gás" e desenvolver um "quadro de cooperação", directamente entre as empresas executivas e petrolíferas.
A comissão tem um período de 30 dias para apresentar propostas de política para o sector.
Carlos Saturnino, ex-chefe da Sonangol Pesquisa & Producao, foi nomeado secretário de Estado do Petróleo e fundiu os ministérios do Petróleo e da Mineração num departamento agora liderado por Diamantino Azevedo.
Fontes da VOA avançam que a nomeação do antigo administrador da Sonangol sinaliza um possível choque entre o Ministério e a Sonangol, liderada por Isabel dos Santos, filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos.
Analistas alertam, no entanto, que questões pessoais não devem sobrepor-se às estratégias de desenvolvimento do país.
O especialista em macroeconomia e gestão empresarial Galvão Branco entende que as medidas anunciadas por João Lourenço são boas e devem ser cumpridas por todos.
"Extravasando um pouco aquilo que é a função e competência da Sonangol, pretende-se dar uma direcção muito mais abrangente e muito mais esta comissão vai “consolidar o sector petrolífero em termos de modelo de negócios”.
Em relação a uma eventual crispação provocada pelo facto de o Presidente da República ter reabilitado e nomeado um funcionário demitido por Isabel dos Santos da petrolífera angolana, Galvão Branco entende que o interesse nacional está acima de questões pessoais.
“O país não se compadece com fricções e problemas pessoais, penso que a nomeação de Carlos Saturnino para secretário de Estado dos Petróleos é compreensível por ser uma pessoa competente e com perfil, enquanto a Sonangol deve resolver o seu problema como conceccionária, concluir o processo de restruturação para uma gestão proactiva, estando, subordinada às politicas do país".
Por seu lado, David Kissadila, politicas públicas e desenvolvimento, diz que a Sonangol não deve continuar como uma ilha.
"O sector petrolífero da Sonangol está mal, é preciso corrigir e esta correcção passa por mexidas nos recursos humanos, existe na Sonangol um exército de pessoas entre aposentados e outras fora do activo da empresa que continuam a beneficiar dos recursos da Sonangol, como salários, e é preciso incutir uma nova filosofia de gestão da coisa pública até porque hoje os cidadãos começam a ser muito mais exigentes com os bens públicos", conclui.
A comissão criada pelo Presidente da República é integrada por membros do Governo, Sonangol e empresas petrolíferas no país.