A companhia petrolífera angolana Sonangol recusou-se a comentar a decisão de um tribunal holandês que considerou que a gestão danosa e a falsificação de documentos permitiram à empresária Isabel dos Santos desviar 52,6 milhões de euros da companhia.
“Nós estamos comprometidos em fazer a empresa crescer, quanto a estes casos nós preferimos que seja a justiça a resolver”, disse o porta-voz da Sonangol, nesta quarta-feira, 21, em declarações à Voz da América.
Interrogado se considerava justa a decisão do tribunal, Dionísio Rocha repetiu que “nós preferimos que seja a justiça a resolver” o caso.
Isabel dos Santos já avisou que vai apelar da decisão.
A Voz da América tentou o contacto com Isabel dos Santos e o seu advogado em Luanda, Sérgio Raimundo, mas sem sucesso.
Entretanto, numa nota citada pela imprensa portuguesa, a empresária nega que tivesse havido falsificação de datas nos documentos como disse o tribunal e afirma que este baseou a sua decisão no facto da acta dessa assembleia geral não ter sido assinada no mesmo dia em que a ele ocorreu.
"Como é prática da gestão empresarial, comum e corrente em várias empresas, as actas são sempre redigidas após a realização das reuniões e as assinaturas das diferentes partes e pessoas envolvidas são recolhidas nos dias seguintes, constando na acta a data em que ocorreu a reunião", acrescenta Isabel dos Santos.
Imagem afectada
Analistas políticos em Luanda consideram a decisão de um golpe à reputação da empresária.
Para Agostinho Sicato, esta decisão "vai prejudicando a imagem dela, vai debilitando a imagem, mas não creio que isso seja suficiente para a encurralar”.
Sicato lembra que ela também tem uma equipa de advogados que "está a trabalhar nisso, também ouvimos recentemente que ela ganhou uma causa no tribunal de Luanda”.
A mesma opinião tem o analista político Rui Kandove, para quem “com esta condenação, a imagem pública de Isabel e do clã Dos Santos fica completamente arruinada porque a Isabel dos Santos era o expoente máximo da família”.
A decisão
A câmara de empresas do Tribunal de Apelação em Amsterdão concluiu que o dinheiro foi desviado da Sonangol através de companhias privadas holandesas para beneficiar Isabel dos Santos.
O tribunal validou assim uma investigação à companhia Esperaza Holding que tinha sido usada pela Sonangol para comprar acções na companhia portuguesa GALP.
O relatório concluiu que a venda em 2006 de 40% das acções da Esperaza para a Exem Energy, uma companhia do marido de Isabel dos Santos tinha sido levada a cabo através de corrupção e portanto devia ser anulada.
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