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Sonangol, a privatização necessária adiada... por agora


Sede da empresa petrolífera estatal angolana Sonangol na capital Luanda, Angola. 7 de junho de 2016. REUTERS/Ed Cropley
Sede da empresa petrolífera estatal angolana Sonangol na capital Luanda, Angola. 7 de junho de 2016. REUTERS/Ed Cropley

A privatização da maior companhia angolana, a petrolífera Sonangol, continua a estar no centro do debate, embora seja um tema aparentemente adiado.

O Governo diz que que o processo de privatização vai acontecer, sem precisar datas, mas analistas económicos defendem que com a privatização imediata
ganha a Sonangol e ganha também o país.

Sonangol, a privatização necessária adiada... por agora
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O ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino
Azevedo, disse recentemente na Assembleia Nacional que o Executivo decidiu inicialmente pela dispersão de até 30 por cento do capital social da Sonangol na Bolsa de Valores, em várias etapas, iniciando pela BODIVA, de Angola, mas de olho também em bolsas no exterior.

Essa dispersão irá contemplar preferencialmente ações para trabalhadores da empresa, cidadãos singulares e empresas angolanas.

Questionado sobre o que impede até ao momento este processo, Diamantino de Azevedo explicou que existem aspetos que ultrapassam a gestão, como os subsídios aos derivados de petróleo, que impactam negativamente nas contas
da empresa, e o que o ministro chamou de excesso de trabalhadores.

Analistas económicos têm outras leituras.

O professor e investigador económico Bernardo Vaz defende a privatização imediata da companhia estatal petrolífera por entender que o excesso de trabalhadores deve-se à interferência política na Sonangol.

"Quando há muita interferência do sistema político, põe em causa a própria imagem da empresa lá fora, uma privatização daria mais eficiência à empresa, iria reduzir a quantidade de pessoal porque há muita gente que entrou na Sonangol apenas por influência política porque alguém a colocou lá e não porque a Sonangol precisava", sublinha Vaz.

Para aquele especialista, "se a Sonangol tivesse uma gestão privada nunca a engenheira Isabel dos Santos chegaria aonde chegou na empresa, num
contexto como o nosso a privatização traria eficiência à Sonangol".

Ele ainda dá como exemplo o histórico do MPLA Lopo do Nascimento que, "em meu entender, já não tem idade para estar na Sonangol mas voltou a ser reconduzido a administrador".

Quem também concorda com uma privatização já da empresa petrolífera angolana é o economista Nataniel Fernandes, mas prefere que seja
parcial.

"Trará mais transparência à Sonangol, prestará contas a outros acionistas que não o Estado, penso que isso ajudaria na transparência, e a entrada na Bolsa de Valores iria levar a empresa a cumprir mais com as regras de compliance, com ganhos para a própria empresa e para o país", aponta.

Mesmo com a privatização parcial, como defende, Fernandes não acredita que a decisão será tomada tão cedo".

"Na realidade, a Sonangol sempre foi uma fonte de enriquecimento de muita gente ligada ao aparelho do Estado e muitos destes sentem que uma privatização atrapalharia esta forma de se enriquecerem, portanto há uma certa resistência de algumas pessoas que o processo avance", conclui aquele economista.

Por seu lado, o consultor económico Galvão Branco vê de outra maneira este processo de privatização da petrolífera estatal.

"É uma questão estratégica da Sonangol prever que tenha um futuro em termos de expansão na fileira do petróleo, tem necessidade de fazer investimentos face ao apelo de grandes montantes em matéria de recursos financeiros, daí a necessidade de dispor de capital, para o efeito tem muito a ver com a política interna da Sonangol, de novos investimentos de indústrias periféricas do seu objectivo principal", afirma Branco.

A Sonangol tem neste momento um excesso de trabalhadores, de acordo com o ministro Diamantino Azevedo, de cerca de dois mil efetivos, mas, disse que, por agora, o Executivo descarta a possibilidade de despedimentos.

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