Os parlamentares da Somália escolhem nesta quarta-feira, 8, o Presidente do país em meio a fortes medidas de segurança para evitar novos ataques do grupo terrorista Al Shabab.
Os 275 deputados e 54 senadores encontram-se reunidos no Aeroporto Internacional de Mogadíscio, o local mais protegido da capital, e vão escolher entre 22 candidatos.
Na terça-feira à noite, vários bairros da capital foram atingidos por disparos, enquanto fora de Mogadíscio foram registados combates entre guerrilheiros de Al-Shabab e os soldados da Missão da União Africana na Somália (Amisom), mas não há registo de vítimas.
A eleição em várias voltas deve marcar o fim de um processo eleitoral adiado em várias oportunidades e marcado por acusações de corrupção e manipulação.
Fora do aeroporto, a capital Mogadíscio está praticamente deserta.
Insegurança total
O presidente da Câmara Municipal pediu aos moradores que permaneçam nas suas casas, comércio e as escolas estão fechados e sacos de areia bloqueiam as principais avenidas, enquanto soldados patrulham as ruas.
Vinculado à Al-Qaeda, Al-Shabab prometeu derrubar o frágil Governo somali, apoiado pela comunidade internacional e protegido por 22 mil soldados da Amisom.
O grupo islamita radical foi expulso de Mogadíscio em Agosto de 2011, mas controla zonas rurais extensas e ataca com frequência a capital.
Quase 14 mil eleitores delegados, entre 12 milhões de cidadãos, votaram entre Outubro e Dezembro de 2016 para escolher os novos deputados entre candidatos geralmente designados de maneira antecipada por consenso.
Cada um representava um clã ou subclã.
A ideia inicial de voto universal foi abandonada em 2015 por disputas internas e atrasos, além da insegurança crónica no país.
O resultado da votação é considerado incerto, sobretudo porque é provável que os diferentes clãs aproximem suas posições em cada volta eleitoral.
Vinte e dois candidatos
O principal dos 22 candidatos é o presidente cessante Hasan Sheikh Mohamud, 61 anos, ex-professor universitário e activista, pertencente ao clã Hawiye, um dos principais da Somália.
O seu antecessor, Sharif Sheikh Ahmed, 52 anos, também é candidato.
A Somália sofre há quase três décadas com o caos e a violência, alimentados por milícias ligadas aos clãs, grupos criminosos e grupos islamitas.
A última eleição realmente democrática aconteceu em 1969.