Em Moçambique, a sociedade civil considera um passo fundamental rumo à pacificação e reconciliação nacional, que tem início amanhã, 29, com o processo de desmilitarização e enquadramento social de cerca de 300 guerrilheiros da Renamo, mas diz ser necessário reforçar os métodos de prevenção de conflito.
Para muitos cidadãos ouvidos pela VOA, este processo constitui um desenvolvimento político importante, no sentido de que se for devidamente aplicado, pode levar a uma paz definitiva no país.
O bispo anglicano Dom Dinis Sengulane, um dos observadores do diálogo entre o Governo de Moçambique e a Renamo, diz-se satisfeito porque começam a fortificar-se os sinais de consolidação da paz.
Segundo Sengulane, sempre que houver um dialogo, os resultados são positivos, podem levar muito tempo, mas a verdade é que o diálogo permite sempre a consolidação da paz.
Por seu turno, para o analista politica Luís Loforte, a pacificação não passa apenas pela desmobilização dos guerrilheiros da Renamo, mas também por acções que assegurem uma paz efectiva no dia-a-dia.
De acordo com o analista, o primeiro sinal de que haverá vontade para que a paz seja definitiva, “é preciso também que a paz aconteça todos os dias, com sinais vindos de ambos os lados”.
Para o professor universitário Calton Cadeado é preciso haver fundos para a sociedade civil, incluindo todos os sectores da vida politica reflectirem permanentemente sobre a sociedade.
Cadeao considerou que as academias devem assumir muito protagonismo nisso, reflectindo sobre a paz como um método de prevenção de conflito e até como um alerta para os diversos sectores da sociedade perceberem os sinais de conflito
O bispo auxiliar de Maputo Dom Carlos Nunes considera um facto muito importante o início da desmobilização e integração social dos guerrilheiros da Renamo, mas nunca se deve pensar que a reconciliação é um processo acabado.
Sublinhe-se que o processo de desmobilização e enquadramento social dos guerrilheiros, uma das etapas fundamentais do recente acordo sobre a cessação das hostilidades militares, assinado entre o Governo de Moçambique e a Renamo, estará centrado na província de Sofala, onde se localiza a principal base de apoio e recrutamento da Resistência Nacional Moçambicana.