Um pastor da Igreja Evangélica Congregacional de Angola – Sínodo de Benguela – associa a crise do momento a factores como a má gestão dos recursos naturais, desperdício de talentos humanos e à falta de previsões.
Marcolino Salgado esteve numa mesa redonda sobre a situação económica de Angola, para a qual a Organização Humanitária Internacional, a entidade promotora, chamou actores capazes de analisar a situação política, social e económica.
Neste encontro, o engenheiro agrónomo José Patrocínio, coordenador da Omunga, falou do agravamento da injustiça social.
Coube ao pastor Marcolino Salgado a apresentação, em jeito de introdução, da visão da Igreja sobre o quadro económico vigente.
O líder religioso lembrou que quatro meses antes do reconhecimento oficial da crise, o balanço económico apontava para um cenário que não fazia antever as dificuldades de hoje.
Surpreso, afirma que o país adormeceu à sombra de ganhos proporcionados pela alta do petróleo no mercado mundial.
"É o contentamento no sucesso, o que leva o produtor a não trabalhar mais, ficamos tranquilos. Julgamos que é só comer, enquanto vem a crise. Faço referência a esta questão porque nós, no ano passado, acompanhamos que o balanço económico era satisfatório. Não se percebe como é que, quatro/três meses depois, falamos em crise. Algo aconteceu", explica Salgado.
Pouco depois, o activista José Patrocínio criticou o que chamou de "acumulação primitiva de capitais", com reflexos na vida da maioria dos angolanos.
"Com a independência, Angola teve alguns avanços, muito grandes, a nível deste controlo do Estado. Falo nomeadamente da banca, dizendo que não posso admitir que o Estado perca a mão. Por isso vemos o caso do Besa, eles vão ficar mais ricos. Criaram suas leis e suas empresas, o que é mau, embora se admita que possam entrar operadores privados. Só não aceito que o Estado perca o controlo dos transportes, o marítimo aéreo e o ferroviário. No caso Besa é o nosso dinheiro a ser utilizado para a recuperação dos privados. Posso falar também da energia, da água, do lixo e muito mais", defendeu Patrocínio.