Análises feitas em vésperas da nova legislatura em Angola sugerem umasociedade civil atenta ao factor transparência na gestão de fundos públicos, havendo quem fale em educação cívica eleitoral permanente.
Assolada pela crise do petróleo, a legislatura que agora termina foi fértil em interrogações sobre o paradeiro de receitas fiscais obtidas anos antes, às quais se juntam dúvidas, até de candidatos à Presidência da República, relativas às reservas cambiais e à gestão do Fundo Soberano.
Ciente de que Angola não mais voltará a ver o barril de petróleo suplantar os 100 dólares, o economista e consultor José Bucassa alerta para o reforço da transparência em defesa dos cidadãos.
“Uma das consequências (falta de transparência) tem sido a condução da gestão pública com base no compadrio e amiguismo. Isto desemboca em conflitos de interesse e em corrupção. Este fenómeno, por seu turno, faz com que o investimento público não seja eficiente’’, considera aquele economista.
Talvez por isso Gil Tomás, antigo quadro da ADRA, defenda uma sociedade civil mais actuante.
Refere, no entanto, ser preciso que as organizações funcionem como um modelo em matéria de gestão.
“Falo de um modelo de experiência em matéria de gestão participativa, gestão democrática. As organizações não precisam apenas cobrar a nível da política, devem praticar, funcionando como modelo’’, ressalta Tomás.
Aquele activista relembra que a educação cívica eleitoral não deve acontecer apenas em momento de pleitos.
“Essa cultura vai-se manifestando e ali os cidadãos vão ser mais tolerantes e ter uma consciência prática. A sociedade civil precisa de interagir mais, sobretudo a nível das províncias, dialogar mais com os deputados de cada círculo provincial’’, conclui.
O activista António Figueiredo, coordenador da Associação para Promoção do Homem Angolano, que promove a denominada Feira da Cidadania, está à espera de uma legislatura diferente
“Qual é a sociedade ideal? É a sociedade em que os cidadãos participam na vida pública, nas políticas da governação. Uma boa governação facilita o colectivo, ao passo que uma ma governação afecta até os mendigos. Faço apelos para que todos os cidadãos participem activamente na próxima legislatura’’, indica o activista.