A sociedade civil moçambicana alerta para a possibilidade de os serviços de inteligência perderem o controlo da situação resultante dos ataques armados, que ocorrem em Cabo Delgado, agravando a vulnerabilidade das comunidades e dos projectos de exploração de hidrocarbonetos.
O alerta surge depois de, na semana passada, os atacantes terem morto pelo menos sete pessoas, para além de várias outras que ficaram feridas, nos distritos de Macomia e Palma.
No último distrito, o ataque foi o primeiro a alvos de uma empresa envolvida em projectos de exploração de gás natural.
O ataque causou um profundo mal-estar no seio dos investidores, que se queixam de não receber do Governo moçambicano dados concretos da situação dos ataques.
O político Raúl Domingos não tem dúvidas, os ataques visam, fundamentalmente, os projectos de exploração de gás, e deplora o trabalho dos Serviços de Informação do Estado no combate aos insurgentes.
Domingos destacou que "é preciso que os Serviços de Informação do Estado aprofundem o seu trabalho, justamente para garantir a segurança do Estado. Quer me parecer que os nossos Serviços de Informação do Estado trabalham mais no sentido de manter o Partido Frelimo no poder, do que propriamente garantir a segurança do Estado".
Para aquele político, os atacantes devem ser combatidos por uma força militar, mas mais do que isso, é preciso que haja trabalho eficiente da inteligência.
Refira-se que na sequência dos ataques da semana passada, a Anadarko mandou suspender as suas obras em Afungi e restringir a circulação dos colaboradores, sublinhando que a segurança das pessoas deve merecer particular atenção.
Estima-se que mais de 100 pessoas tenham sido mortas desde o início dos ataques, em Outubro de 2017.
O analista Manuel Alves diz que nesta escalada da violência no norte de Cabo Delgado, a protecção das comunidades tem sido negligenciada.
"A grande preocupação tinha que ser essa de proteger as comunidades", afirmou.
Por seu turno, o Presidente do Movimento Democrático de Moçambique-MDM, Daviz Simango, diz ser necessário que o Estado moçambicano tenha muita atenção à situação em Cabo Delgado, para que o país não fiquém refém e no futuro negoceie com os insurgentes.