Subiu para três o número de mortes causadas por disparos de agentes da Polícia Nacional de Angola (PNA) na marcha de trabalhadores do consórcio chinês que constrói a barragem de Caculo Cabaça, província do Kwanza Norte, na passada quinta-feira,.
Segundo informação prestada pela Federação dos Sindicatos da Construção Civil, um dos vários feridos morreu num hospital da capital do país, Luanda, para onde foi transferido horas depois do tiroteio.
Responsáveis sindicais lembram que o caderno reivindicativo foi entregue à entidade patronal, a China Gezhouba Group Company Limited, há vários anos, mas continua sem resposta satisfatória por aumentos salariais e condições de trabalho.
Abordado a propósito pela VOA no final de uma visita a Benguela, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, que vai estar no Kwanza Norte na próxima semana, começou por salientar que os acontecimentos são objecto de apuramento.
“Chegou-se a um extremo desnecessário, nós podemos reivindicar direitos sem recurso à violência. Não estou a apontar o dedo a todos pelo vandalismo, se calhar uma meia dúzia instigou, destruindo bens”, a disse o governante.
Baptista Borges salienta que o mais importante é serenar os ânimos, realçando, no entanto, que “devemos respeitar a greve e reivindicações por salários e condições de vida”.
O ministro vai manter uma reunião com os trabalhadores da empresa chinesa, à frente de um projecto que movimenta milhares de milhões de dólares norte-americanos, investidos para o maior aproveitamento hídrico de Angola.
Em comunicado distribuído à imprensa, o Comando Provincial da Polícia Nacional no Kwanza Norte aponta para vandalização de bens patrimoniais, com realce para oito viaturas, geradores eléctricos e material de escritório.
A polícia avança que o “défice de correlação de forças” motivou a utilização de armas de fogo, tendo alguns disparos atingido oito cidadãos.
O documento refere que os manifestantes eram portadores de material corto-contundentes e anuncia a abertura de um inquérito para apurar as causas.