Trinta por cento dos 130 mil professores existentes em Moçambique não têm formação pedagógica, recordou recentemente o Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano, Jorge Ferrão. Em reacção, o Sindicato Nacional dos Professores (ONP-SNPM) reconhece que isso afecta qualidade de ensino.
“A falta de formação e incentivos afecta negativamente a qualidade de ensino em Moçambique; como sindicato, somos a força de pressão para mudar essa qualidade que deixa a desejar”, diz à VOA o Secretário-geral do ONP-SNPM, Francisco Teodósio Nogueira.
Nogueira explica que o seu sindicato tem “dialogado no sentido de a curto ou médio prazo reverter a situação”, sendo prioridade “a melhoria das condições de vida dos professores, formação psicopedagógica e a profissionalização”.
Nogueira reconhece que o ministério de tutela tem formado professores em exercício e recorrendo ao ensino à distância. Mas insiste que é preciso ter sempre em conta que com “professores sem uma formação de qualidade, a educação também não será qualidade”.
Segundo o sindicato, os professores de nível básico e médio ganham quatro mil meticais, um pouco mais de 100 dólares americanos; os licenciados ganham o equivalente a 500 dólares.
Para satisfazer as suas necessidades, muitas vezes dão aulas em mais escolas e outros envolvem-se em esquemas de corrupção, que incluem a cobranças e assédio sexual.
Para evitar esses casos, Nogueira diz que o sindicato sensibiliza os professores a evitar a conduta. Em casos de mau comportamento comprovado, denuncia e defende o cumprimento da lei.
Dos 130 mil professores do país, 80 mil são membros do ONP-SNPM. “Gostaríamos de ter todos como membros. Mas uma vez que somos o único sindicato lutamos por todos”, esclarece Nogueira.