O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) não tem dúvidas: o presente e o futuro da classe estão em risco devido ao encerramento de vários jornais, despedimento de profissionais e atrasos salariais na imprensa pública.
Em tempo de crise económica e financeira, a própria sobrevivência dos profissionais da classe pode estar comprometida.
Os problemas multiplicam-se com o encerramento, até ao momento, de vários títulos, como o semanário Angolense, jornal Angolense, A Capital, O Continente, Sol, Agora, Semanário Económico e a Revista Vida do Jornal OPaís.
A Rádio Ecclesia anunciou o despedimento de 20 profissionais e nos órgãos públicos há salários em atraso, com todas as consequências que se conhecem.
O STJ desdobra-se em contactos com as empresas de comunicação do país para evitar males piores e no dia 25 o sindicato realiza um encontro para debater os desafios da sobrevivência da imprensa.
“Nós já prevíamos um cenário triste, desolador e dramático da comunicação social angolana'', diz o presidente do STJ Teixeira Cândido, que pediu a Ceast para “aguentar mais um tempo” antes de despedir as duas dezenas de profissionais da Rádio Ecclesia.
Apesar de reconhecer o peso da crise económica e financeira, Teixeira Cândido pede às empresas “que não tratem os profissionais de comunicação Social como outro produto qualquer, como vender arroz, sabão, onde as pessoas vão lá e compram”.
O jornalista Makuta Nkondo, uma das vítimas do encerramento do Angolense, pensa que a falta de liberdade de expressão está na base de tudo isto.
“Eles são alérgicos à liberdade de expressão, é uma maneira de silenciar a comunicação social, vão fechar todos os órgãos, os que ainda restam estão moribundos e acabarão por fechar, a rádio Ecclesia, para além de despedir o pessoal, coloca no lugar deles sapateiros, na rádio Despertar contam-se nos dedos os jornalistas dignos do nome'', aponta Nkondo, que revela denúncias de correspondentes internacionais em Angola que não conseguem receber a sua compensação nos bancos angolanos.
"É uma forma de os silenciar e não poderem sobreviver com suas famílias'', conclui.