Acusações de maus-tratos e até “prisão” de trabalhadores nos estaleiros de empresas chinesas em Benguela não param, bem como pedidos da intervenção das autoridades.
Num novo apelo dirigido às autoridades governamentais e judiciais, o Sindicato da Construção e Habitação de Benguela alerta para a possibilidade de haver jovens presos em estaleiros de empresas chinesas deste ramo de actividade.
Esta preocupação, discutida já num seminário regional realizado na África do Sul, levou um conhecido activista a defender uma investigação urgente.
É quase impossível chegar aos estaleiros de empresas chinesas sem a boleia de delegações do Governo, disse um dos destinatários das denúncias do Sindicato da Construção.
As denúncias de maus-tratos chegam à organização sindical por via de relatos de quem viveu horrores na sede da entidade empregadora.
“Os chineses, actualmente, já recorrem ao interior, onde encontram jovens sem a visão de outros do litoral, que já não aceitam os maus-tratos. Eles são colocados em cercos, sem contacto com o exterior. Quando se libertam, procuram as organizações de defesa para contar as suas versões’’, denuncia Albano Caley.
As palavras do secretário-geral do Sindicato encontram correspondência numa empresa pública que conta com a parceria de chineses, visitada pela VOA.
‘’Os nossos irmãos continuam a sofrer. Como vemos aqui, há muitos trabalhadores que chegam do interior, sem escolaridade e sem conhecimento sobre os seus direitos’’, confirma uma fonte.
Com o Ministério do Trabalho à espera de casos concretos, o activista José Patrocínio, observador africano dos direitos humanos e dos povos, desperta o Ministério Público para a necessidade de uma investigação.
“Não só uma investigação em termos daquilo que diz a legislação laboral, como também na vertente criminal. Fala-se, afinal de contas, em situações criminais e muito mais’’, defende Patrocínio, antes de ter reafirmado a entrada em cena da Procuradoria no mais curto espaço de tempo.