O secretário-geral do Sindicato de Professores do Ensino Superior de Angola (SINPES) volta a denunciar novas ameaças de morte e aponta o dedo às estruturas do Estado, no momento em que os docentes mantêm uma greve por tempo indeterminado.
Agora, até foi colocada uma cruz numa foto da filha retirada da internet.
Eduardo Peres Alberto, que diz ter feito queixas à esquadra do Zango em Viana, garante que a greve não vai ser cancelada sem que haja cumprimento dos acordos assinados a 17 de Novembro de 2021.
Duas queixas foram feitas até ao momento.
A primeira, na terceira esquadra da polícia na Vila Alice, e a segunda, na esquadra do Zango 5 em Viana, ambas em Luanda.
“Estamos a sofrer muitas ameaças, às 10 horas foi colocada uma fotografia da minha filha, extraída da internet, com uma cruz”, contou Peres Alberto à Voz da América.
Ele reiterou, entretanto, que as ameaças começaram na semana passada, como tinha noticiado a Voz da América.
Eduardo Peres Alberto, diz que as ameaças visam cancelar a greve, mas que, tal não irá acontecer, caso não haja cumprimento dos acordos assinados a 17 de Novembro de 2021.
“Lamentavelmente, a greve não depende do secretário-geral, a greve é deliberada numa Assembleia Geral, essas ameaças para nós, não nos farão recuar, Deus no comando e nós estamos tranquilos", reiterou o sindicalista, sublinhando que “se acham que a morte do secretário geral é a solução... só eles sabem”.
Peres Alberto não tem dúvida de que essas ameaças vêm do Executivo angolano e reiterou que o sindicato continua aberto para resolução deste problema.
“Ameaça só pode vir do Governo, porque eles falam da greve e nosso interlocutor é o Governo”, concluiu.
A Voz da América contactou o porta-voz da Polícia em Luanda, superintendente Nestor Goubel, que prometeu pronunciar-se a qualquer momento.
A greve que que durá 38 dias surge em consequência do “incumprimento” do memorando de entendimento assinado em Novembro de 2021, que exigia, por exemplo, um salário equivalente a 2.000 dólares para o professor assistente estagiário e de 5.000 dólares para o professor catedrático, propostas salariais do Sinpes para contrapor os atuais “salários medíocres”.
A “inconclusão” do pagamento da dívida pública para com cerca de 3.000 funcionários do ensino superior, entre docentes e administrativos, que até 2018 estava avaliada em 2,3 biliões de kwanzas (3,5 milhões de dólares) também consta das reivindicações do Sinpes.
O Ministério do Ensino Superior refere que o memorando de entendimento “estabeleceu prazos para se concluir as ações que estavam em curso”, à do caderno reivindicativo, e observa que a declaração da greve do Sinpes “prejudica a concretização do calendário académico”.
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