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Sem salários, médicos russos paralisam actividades em Benguela a três dias da greve dos angolanos 


Maternidade do Hospital Municipal de Benguela, Angola
Maternidade do Hospital Municipal de Benguela, Angola

Aqueles profissionais exigem o pagamento de 25 meses de salários em atraso

Quarenta médicos russos que prestam serviços nos hospitais da província angolana de Benguela deram início hoje, 2, uma greve por tempo indeterminado para exigir o pagamento de 25 meses de salários em atraso, com a dívida do Ministério da Saúde em cerca de 20 milhões de dólares norte-americanos, indica uma nota de protesto elaborada pelos profissionais.

Esta situação, a três dias da paralisação anunciada por médicos angolanos, deixa marcas na maternidade do Hospital Municipal de Benguela, onde se encontra a maior parte dos grevistas (10), com uma média de cinco cesarianas por dia.

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Na maior unidade sanitária do município-sede, já depois de contactos com a Administração, a VOA viu o seu trabalho condicionado pelo chefe da segurança, conhecido por “Mestre Cão”, que intimidava quem quisesse prestar declarações.

“Oh ... mamã, se você não sabe do assunto não adianta falar à toa”, disse, em tom intimidatório, o segurança, quando uma parturiente começava a prestar declarações.

Mesmo assim, conseguimos declarações de uma jovem submetida à cesariana bem antes da greve

“Tive no dia 21, uma cesariana, com estrangeiro, mas hoje vim tirar os pontos, são mesmo os nossos, até aqui está a correr bem”, aponta Amélia.

Os médicos russos são pagos pela empresa Zdravexport, também russa, ao abrigo de um contrato com o Ministério da Saúde.

O mesmo acontece com a empresa Antec, que paga a profissionais cubanos em Benguela.

Não tendo conseguido uma entrevista com o director-geral, a VOA recorre às declarações prestadas à rádio pública pelo director-clinico, Luís Vieira.

“Dos seis médicos na maternidade, cinco são russos e um angolano. O número de cesarianas varia de 4 a 6, e esses médicos é que ajudam imenso. Temos ainda casos complicados como as rupturas uterinas, gravidezes com hemorragia que fazem parte de emergências médicas”, salienta o médico.

Em resposta, o Gabinete Provincial de Saúde diz que o assunto é da competência da estrutura central.

Há uma semana, no lançamento da greve dos médicos angolanos, o líder sindical Edgar Bucassa criticava o Governo pelo não aproveitamento de profissionais nacionais.

“Os médicos passam por avaliação, num país carente, onde até o próprio Governo paga formação no exterior. Eles, depois, acabam no desemprego”, sublinha o sindicalista.

Os hospitais geral de Benguela e municipal do Lobito são outras unidades sanitárias com médicos russos.

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