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Sector privado é essencial para se criar emprego em Angola, diz analista


 Angolanos à espera de emprego numa firma de construção. Foto de arquivo
Angolanos à espera de emprego numa firma de construção. Foto de arquivo

A falta de empregos em Angola só pode ser resolvida com um maior envolvimento do sector privado na economia, disse uma analista angolana.

Ema Vicente falava sobre a política de emprego em Angola que todos os dados indicam não responde às necessidades do crescente número de jovens que procuram trabalho levando muitos a não terem outra opção senão tentarem emigrar, dizem analistas angolanos.

Um estudo sobre o emprego juvenil em Angola publicado pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social em parceira com o Banco Mundial, revela que na última década foram criados no país 3,5 milhões de empregos dos quais 2,7 milhões nos sectores da agricultura e comércio “de baixa qualidade” e acrescentando que a "população jovem no país não está a ser suficientemente absorvida pela força de trabalho”.

Políticas de emprego em Angola não respondem às ncessidades - 20:06
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Estes dados, segundo o Secretário Geral do partido Bloco Democrático (BD), Muata Sebastião, significam que as políticas públicas de empregabilidade são um fracasso e remetem os jovens para uma vida sem perspectiva

"A juventude não tem esperança, porque se tem deparado com as políticas fracassadas do Governo”, disse Sebastão para quem “a juventude do ponto de vista social não encontra o espaço para se realizar e do ponto de vista político também não encontra espaço para se expressar”.

Este dirigente do BD disse que “são poucas as vezes (que) vimos os jovens a sofrer repressão só pelo facto de decidir falar em seu próprio nome”.

“As políticas públicas gizadas não são para atender as preocupações da juventude, mas para atender uma parte da juventude conotada com as cores partidárias do partido do regime”, acrescentou.

Para a gestora de seguros Ema Vicente não é apenas a juventude que está desgastada com as políticas públicas, mas toda população em geral, sublinhando que a situação social e económica do país se agravou consideravelmente para todos nos últimos tempos, o que leva ao aumento de movimentos de reivindicações públicas.

"A população no geral está desgastada com as políticas do país. A população sente de forma agreste esta realidade e, portanto, vai revindicando isto, porque há esta abertura de reivindicar de forma pública aquilo que não nos agrada", disse a especialista em gestão de seguros para quem as razões dos protestos liderados por jovens em Angola é consequência da degradação do tecido social e das “políticas públicas que não se têm na melhoria de vida das populações”.

Nos últimos tempos, os jovens têm sido os maiores promotores de protestos contra as condições sociais da população e Muata Sebatião diz que duas leituras se podem fazer destes factos.

A primeira é de que há um desgaste da juventude em relação as políticas do Governo e do seu partido. A outra é de que há uma maturação cívica sobretudo da juventude.

"Hoje já se pode falar que vivemos um (de) período de transição social para transição política. O nível de participação política da juventude é maior que no passado. Este movimento para alternância permitiu a transição da maioria social para uma maioria política e isto tem estado nas causas das várias formas de protesto. Sempre que há protesto, a polícia está aí para reprimir e hoje os jovens perceberam que existem outras formas sofisticadas de fazer protestos como é o caso de paralisação: não ir trabalhar, ficar em casa, bater panelas…", disse em referência a recentes protestos

Os analistas fazem notar que a depreciação da moeda nacional contribui para o aumento de dificuldades sociais, económicas e financeiras nas famílias angolanas, em particular da juventude. A perda do poder aquisição remete a juventude angolana para uma situação de vulnerabilidade social e cria nesta franja o sentimento de frustração, Socialmente falando, diz a analista Ema Vicente, a juventude angolana vive actualmente um momento conturbado, mas que com vontade política pode ser resolvido.

Ema Vicente concordou que “há um esforço do Governo em prover emprego, por via dos vários concursos públicos, mormente na saúde e na educação”.

“Contudo, o Governo deve apostar no sector privado, permitir que o sector provado possa ter robustez para empregar uma grande franja da força de trabalho jovem porque só o estado ou o governo não vai dar resposta, portanto há esta necessidade de olhar para o sector privado de forma especial", disse.

O secretário geral do BD afirma que os jovens não têm esperança que o actual goenro possa resolver a situação e a emigração é agora uma asolução para os jovens.

"A juventude não tem esperança. Não se pode sonhar em realizar-se como pessoa num país em que não há segurança jurídica, não há emprego, não há saúde, não há educação de qualidade, ou seja, num país onde tudo é politizado. Não se pode esperar que as pessoas se realizem num contexto deste onde o acesso à tudo depende muito da compreensão que se tem sobre a orientação política ou ideológica. A juventude não só não tem esperança como também deixou de acreditar num partido que (desde) há 48 anos o discurso é o mesmo", disse

Ema Vicente concorda que “o que faz muitos jovens saírem hoje são as condições sociais, formação, educação e saúde para os filhos”.

“Acredito que se o Governo contrapor a esta realidade irá reduzir significativamente o número de jovens que têm o plano de emigrar", disse

Um esforço acentuado do Governo no que diz respeito à saúde, educação, acesso à habitação e formação pode atenuar a saída de jovens angolanos para o estrangeiro, de modo a evitar este fenómeno, acrescentou.

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