O secretário do advogado Arão Tempo foi detido a 18 de Dezembro em Cabinda, alegadamente por falsificação de documentos, mas nem a Polícia nem o Ministério Público formalizaram qualquer acusação até agora.
Anacleto Ngala Mbiquila foi notificado pelo Serviço Provincial de Investigação Criminal no mesmo dia pelas 11 horas para que comparecesse no SPIC às 15 horas.
Três horas depois, Mbiquila recebeu ordens de prisão e desde então está preso.
Os familiares do secretário de Tempo, que é presidente do conselho provincial de Cabinda da Ordem dos Advogados de Angola em Cabinda, têm procurado conhecer as razões da prisão, mas até agora “apenas foram informados que o Anacleto foi detido por falsificação de documentos”, disse à VOA o advogado Arão Tempo.
“O que é mentira, mas apenas mais uma forma de impedir-me de trabalhar, criando a imagem de que sou da Flec, contra o sistema, e levando os clientes a não procurarem o meu escritório”, denunciou Tempo, que aponta o dedo à governadora de Cabinda Aldina da Lomba Katembo.
O advogado foi formalmente acusado de crime de rebelião e instigação à guerra civil, mas até agora não recebeu o despacho de pronúncia, nem foi marcada a data do julgamento.
Tempo foi detido a 14 de Março quando tentava viajar para a República do Congo, no dia em que estava prevista uma manifestação contra a governadora de Cabinda e violações dos direitos humanos na província.
No mesmo dia foi preso o activistas José Marcos Mavungo, condenado mais tarde a seis anos de prisão.
Arão Tempo continua a estar impedido de sair de Cabinda, inclusive para procurar tratamento médico no exterior.
O advogado de defesa Francisco Luemba fez um pedido a provar que Arão Tempo está doente e que precisa ir ao exterior para tratamento, mas as autoridades judiciais exigiram que justificasse que o tratamento não podia ser feito em Angola.
Tempo recusou porque, diz, “não aceito fazer tratamento aqui por motivo de segurança”.
Na conversa com a VOA nesta quarta-feira, Arão Tempo diz estar impedido de trabalhar devido, principalmente, à intervenção da governadora e lamenta que “a comunidade internacional não se preocupe com a situação de Cabinda”.