Pelo menos 55 mil pessoas de 11 distritos da província de Manica, no centro de Moçambique, estão a braços com uma fome severa, na sequência da seca aguda que atinge a região.
A situação tem forçado milhares de vítimas a recorrerem a tubérculos silvestres, alguns dos quais venenosos, para a sobrevivência.
A seca já destruiu cerca de 100 mil hectares de plantações de culturas de milho e mapira, incluindo culturas tolerantes a seca, a base de alimentação de milhares de moçambicanos, deixando em desespero e sem comida várias comunidades.
“A província de Manica está a ser atingida por uma seca severa, devido à ausência total das precipitações que vêm se verificando desde a última quinzena de Dezembro, do ano passado”, disse Zacarias Mujaza, responsável pelos serviços provinciais da agricultura em Manica.
O responsável afirmou que a instituição tem mobilizado os agricultores para investirem na segunda época, que iniciou em Fevereiro, e também largamente atingida pelo fenómeno, adiantando que foram disponibilizadas sementes certificadas para os camponeses acelerarem a produção.
Igualmente uma acção paralela pretende apoiar na sobrevivência das vítimas, com mantimento, tendo o Governo lançado há dias a iniciativa “corrida contra a fome” para angariar donativos para acudir as populações atingidas.
O Governo colocou em prática o plano de contingência previsto para a época, depois de ter sido activado o alerta laranja institucional.
“Esta iniciativa visa essencialmente a angariação de fundos, tendo em conta as intempéries que estão a acontecer em Manica, como estratégia de sobrevivência das vítimas” declarou Zacarias Muzaja, sustentando que a situação da “seca é severa” e exige acções enérgicas em apoios multiforme as vítimas.
Adiantou que “semente não se lança hoje para amanhã colher, mas é que os indivíduos já estão afectados, significa que os donativos podem se canalizar ao INGC, que é organismo especifico de gestão de calamidades, para poder comprar víveres para as famílias vulneráveis”.
A última seca severa em Manica foi registada em 1999 e no ano seguinte a província foi assolada pela pior inundação da sua história.