Nem o regresso das chuvas, de forma tímida, resolve o problema da fome na região sul de Angola, com incidência na província do Cunene.
A Igreja Católica diz que este é o período em que a fome agrava-se e que pode durar de quatro a cinco meses e volta a defender a declaração parcial do estado de emergência na região.
Medida idêntica é pedida por associações cívicas locais para permitir que a ajuda internacional chegue ao país.
O pároco da Igreja Católica na província do Cunene Gaudêncio Félix considera que a fome apertou ainda mais na província, apesar de ter começado a cair alguma chuva, mas insuficiente para acudir as populações locais na mitigação da fome.
Aquele sacerdote entende que até Fevereiro do próximo ano a situação tende a piorar.
"Este é o período de mais fome aqui, até Fevereiro de 2023, estes são os meses mais críticos, até alguns que colheram alguma coisa vão começar a ficar sem mantimentos, os que não colheram nada pior ainda", adverte Gaudêncio Felix, que pede ao Governo a declaração de estado de emergência no Sul de Angola.
"Para ver se criamos alguma estabilidade, enquanto recebemos apoios internacional que pode vir acompanhada de elementos de desenvolvimento sustentável, enquanto davam comida, arranjava-se forma das pessoas produzirem mais, para que estas pessoas se tornem autónomas e produzam cada vez mais", defende aquele sacerdote.
Esta posição é partilhada e apoiada pela UNITA, na oposição, com o seu responsável no Cunene, Torga Likunde, a dizer que a fome é mais dramática em três zonas da província.
"Estas chuvas que começaram a cair ainda não resolvem o problema da fome, muito menos da seca, por isso a situação da fome afecta quase toda província sobretudo os municípios de Kuroka, Kwanhama e Ombadja", afirma Likunde.
Por seu lado, o jornalista e activista cívico Simão Hossi visitou essas regiões para distribuir bens alimentares que conseguiu arrecadar em Luanda, mas no terreno verificou que o que levou era uma gota de água no oceano perante tantas pessoas necessitadas.
"A declaração de estado de emergência para aquelas localidades ainda é urgente", defende o activista que chama a atenção também para a situação dos animais que também estão com fome.
“Muitas famílias não têm sementes para lançar a terra, a fome nas aldeias é um cenário de arrepiar", conclui Simão Hossi.
O Governo tem recusado declarar estado de emergência na região e lançou no ano passado um programa para mitigar a situação que, segundo a Igreja Católica e activistas locais, não melhorou a situação.
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