Na província angolana da Huíla várias comunidades, principalmente no meio rural, começam ressentir-se dos efeitos nefastos da estiagem e os gritos para ajuda do Governo parecem não surtir efeitos.
Entretanto, no Namibe mais uma pessoa morreu devido à fome.
A morte aconteceu na sexta-feira, 19, na localidade do Curoca, municipio do Tombwa.
A vítima chamava-se Mukihimi Kahombo, tinha de 44 anos de idade e foi enterrado no sábado, 20, segundo o irmão Joaquim Augusto Tombim.
O administrador do Municipio do Tombwa, Alexandre Niyuca, reconhece que a situação da seca no sul do Município do Tômbwa é dramática, mas afirma não haver mortes devido à fome.
Niyuca participou nesta segunda-feira, 22, numa reunião da comissão provincial de Proteção Civil e Bombeiros no anfiteatro do Governo provincial do Namibe, na qual foram adoptadas medidas de mitigação da seca e fome, mas os detalhes não foram revelados.
O activista social Caçador, que trabalha nas comunidades Mucubais, disse que “o Governo nao deve brincar com o sofrimento” das populações.
Como a VOA noticiou, no passado dia 16, Mucongo e o também activista Afonso Ngangula revelaram que três pessoas morreram de fome em Virei, interior da província, e, na altura, instaram as autoridades a tomar medidas urgentes, caso conrário muitas pessoas poderão morrer de fome.
Ameaça de fome na Huíla
Entretanto, na província da Huíla várias comunidades, principalmente no meio rural, começam ressentir-se dos efeitos nefastos da estiagem.
No município da Chibia por exemplo, a falta de água está a obrigar a população a percorrer vários quilómetros em busca do precioso líquido.
A agravar a situação está o impacto da falta de chuva na agricultura, para o desespero da população.
“Na nossa casa, acordámos à meia-noite e quando chegamos lá são cinco horas e encontramos os da casa já cataram”, diz um morador, en quanto outro afirmar que “este ano não temos nada porque não temos chuva e as hortas assim também já não dão”.
Da região dos Gambos, já se fazem ouvir relatos de fome de quase todo o município.
O pároco local, José Vintém, descreve um cenário difícil que carece de intervenção.
“Nós, todos os anos, quase que andamos sempre a apelar, pedimos ajuda, mas este ano é um bocadinho mais complicado e difícil porque não há chuvas e as pessoas estão mesmo aflitas”, diz o padre.
O governo da Huíla também antevê uma época agrícola difícil num período que diz ter apostado forte na agricultura familiar e mecanizada.
Perante as adversidades do tempo e aparentemente sem soluções, o governador Luís Nunes, prefere acreditar ainda no que a chuva pode dar.
“Este ano infelizmente (a estiagem) apanhou quase a província toda. Vamos esperar que Deus nos ajude e que a chuva caia com força”, afirma.
Na Huíla é generalizada a previsão de fome face à ausência de chuva.