A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) pode enviar uma força de intervenção militar para ajudar Moçambique no combate aos insurgentes em Cabo Delgado.
Esta é a conclusão de uma missão de avaliação técnica da organização liderada pelo Brigadeiro MM Mukokomani do Botswana, e integrada por especialistas em inteligência da África do Sul, Angola, Botswana, Malawi, Tanzânia e Zimbabwe, que esteve no país recentemente.
Aqueles especialistas propõem uma força integrada por 2.916 soldados com três batalhões de infantaria leve de 630 soldados cada, dois esquadrões de forças especiais de 70 soldados cada e vários meios e equipamentos de combate como helicópteros de ataque, helicópteros armados, navios de patrulha de superfície, um submarine, uma aeronave de vigilância marítima e outra aeronave de apoio logístico, equipamento e pessoal.
A proposta será apresentada à reunião extraordinária do Comité Ministerial do Órgão da Política de Defesa e Segurança da SADC, agendada para amanhã, 28, e à Cimeira Extraordinária da Troika da organização, marcada para sexta-feira,30, ambas em Maputo.
Filipe Nyusi diz que apesar dos ataques, "país goza de estabilidade"
Observadores indicam que uma das grandes incógnitas é se o Presidente Filipe Nyusi concordará com uma intervenção militar tão forte, pois até agora parece relutante, ou se optará apenas pela assistência técnica.
Aliás, o documento da missão da SADC considera de "prioritária" a assistência humanitária aos deslocados internos dos ataques armados em Cabo Delgado e a formação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique em "inteligência militar" porque, reforça, elas “precisam de apoio imediato nos sectores aéreo, marítimo e operações terrestres".
Entretanto, hoje, o Presidente Filipe Nyusi disse que "o recente ataque à vila de Palma, localizada na zona onde decorrem os projectos de exploração de gás, demonstra a dimensão do desafio que o país enfrenta na luta contra o terrorismo internacional".
Ao intervir na conferência virtual dos chefes de Estado e de Governo do Fórum dos PALOP (Países de Língua Oficial Portuguesa), ele reiterou que "o país goza de estabilidade e (que) as instituições estão a funcionar normalmente".
"Em nome dos moçambicanos tenho aqui a agradecer o apoio, assistência humanitária e a solidariedade que o país tem vindo a receber dos parceiros internacionais", concluiu Filipe Nyusi.