Em Cabo Verde, o salário mínimo ronda os 13 mil escudos, cerca de 130 dólares americanos e a maioria das pessoas que auferem esta quantia vêem-se obrigadas a fazer outras actividades para tentar minimizar as muitas dificuldades que enfrentam.
Elas dizem que o valor não cobre compromissos com a renda de casa, pagamento das facturas de água e luz e alimentação.
A VOA foi à zona de São Pedro, subúrbio da cidade da Praia ao encontro da Carina Tavares, natural de Santa Catarina, interior da ilha de Santiago,, mas que reside há cerca de 10 anos na capital.
Apesar de possuir uma pequena habitação que disse ter construído com muito esforço e ajuda de familiares e amigos, esta “mãe e pai” que tem um filho a frequentar o segundo ano do ensino básico obrigatório, conta ser quase impossível uma pessoa viver com o salário mínimo no país.
"Agora mal dá para fazer as compras, porque está tudo mais caro, compro arroz e algumas pequenas coisas para desenrascar'', avança Tavares, que diz ter o apoio da mãe no momento de aperto, sobretudo para ajudar a suportar algumas despesas com o filho na escola.
Em Cabo Verde, a maioria das famílias são monoparentais, com as mães a ocuparem das despesas, devido ao abandono da responsabilidade por parte de muitos pais na educação e alimentação dos filhos.
Tavares diz que a situação fica mais complicada, o que a obriga a fazer tremenda ginástica para “fintar a fome”.
" O pai do meu filho é totalmente ausente, não apoia em nada e nem visita para mostrar que seja um pouco de carinho, muitas vezes quando o miúdo sofre algum problema de saúde mesmo lhe avisando, ele não passa para perguntar se já melhorou ou necessita de algo", conta com muita tristeza, enquanto pede maior rigor das autoridades para obrigar que cada indivíduo assuma a respectiva responsabilidade paternal.
Neste momento de crise, as facturas de electricidade ficam mais difíceis de serem pagas regularmente, adianta Carina Tavares, que afirma haver meses que a luz é cortada pela empresa produtora e distribuidora.
Ela lamenta igualmente não poder proporcionar ao filho uma oportunidade neste momento para sair de casa e comer uma pizza ou um gelador, mesmo recorrendo a pequenos serviços extra como lavar roupas para terceiros.
"De vez em quando vou lavar roupas em casas das pessoas que me chamam, mesmo assim torna-se complicado, está quase impossível viver com salário mínimo'', frisou.
Em termos de produtos mais procurados pelas pessoas que auferem salário mínimo, um saco de arroz antes vendido por 14 agora custa 24 dólares, caixa de perna de frango antes 15 custa agora 25 dólares e um litro de óleo vendido anteriormente por 1.10 agora custa 2.15 dólares.
Esses preços podiam ser ainda superiores, não fossem algumas medidas de tomadas pelo Governo.
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