Quarenta e cinco anos após a nacionalização das propriedades agrícolas dos colonos portugueses, analistas e políticos divergem-se sobre a decisão tomada na histórica Praça Yon Gato, dois meses depois da independência, que colocou Manuel Pinto da Costa na liderança do novo Estado.
O economista Alcídio Montoya afirma que a data que devia ficar escrita com “letras de ouro”, como desejava o então Presidente da República, ficou como marco da destruição da economia de São Tomé e Príncipe.
“Tratou-se de uma decisão estritamente política, não teve qualquer base económica ou científica, observou unicamente critério ideológicos de orientação política virada para o socialismo”, diz Montoya.
Na análise de Albertino Bragança já era previsível a falência das roças produtoras de cacau e café em pouco tempo depois da nacionalização.
“Criamos um corpo diretivo das roças com pessoas muito jovem e sem experiência, a falência começou a partir daí”, reconhece o antigo dirigente São-tomense.
Manuel Pinto da Costa, o homem que tinha assumido a liderança da jovem nação a 12 de julho de 1975, dois meses antes da nacionalização das roças, diz que o país não tinha outra escolha.
“As roças pertenciam a empresas que com o 25 de abril tinham sido todas nacionalizadas em Portugal. Depois da independência não tínhamos outra alternativa” explica Pinto da Costa.
Mas passados 45 anos do dia nacionalização, São Tomé e Príncipe continua a assistir a destruição de todo o património das antigas roças colónias.