A uma semana das eleições americanas as sondagens continuam a indicar vantagem para o candidato democrata Joe Biden. Mas a possibilidade de uma vitória para Donald Trump não pode ser posta de parte.
Convém recordar aqui que as eleições presidenciais americanas não são feitas à escala nacional. São feitas estado a estado para escolher representantes para um Colégio Eleitoral em que o número de delegados é de 538 e 270 é o número de delegados necessários para se vencer. Cada estado tem representantes no Colégio Eleitoral de acordo com a sua população.
Certos estados são dados como certos para um ou outro candidato. Por exemplo a Califórnia com 55 delegados é certamente um estado que vai dar os seus delegados a Biden, o Texas é quase uma certeza para Donald Trump com os seus 38 delegados.
Isto faz com que a campanha eleitoral esteja centrada naquilo que os americanos chamam de “swing states” ou “battle grounds states”, estados que podem mudar de eleição para eleição ou estados de batalha.
Biden com mais opções
Biden tem neste momento várias vias para alcançar os 270 delegados porque as sondagens indicam que ele pode vencer em muitos estados ganhos por Donald Trump em 2016 e isso tornará tudo mais fácil.
Biden está por exemplo em boa posição na Flórida, Carolina do Norte e Arizona. Está também a criar dificuldades no Ohio, Iowa e Geórgia e mesmo no Texas Biden estava a ter bom apoio, pelo menos até ao último debate quando afirmou que está pronto a eliminar a indústria petrolífera, algo de importante na economia do Texas.
De qualquer modo Biden tem muitas opções para angariar os 270 votos mas fontes do Partido Democrata dizem que a estratégia mais lógica e segura para vencer passa pela Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.
Trump não pode perder estados que ganhou em 2016
Para Trump ganhar há que assumir que ele não perde nenhum dos estados ganhos em 2016 (e muitos como vimos estão em risco) porque se isso acontecer basta-lhe vencer apenas um desses três estados.
Na noite das eleições um estado a ter em atenção contudo é a Flórida com 29 delegados e sempre um estado muito renhido. Se Trump perde na Flórida tudo fica quase que impossível.
Corey Lewandowski é um dos directores da campanha de Donald Trump e disse estar confiante numa vitória na Flórida.
“Quando Trump vencer por grande margem a Flórida na noite das eleições isso vai marcar o caminho para o resto da noite”, disse à cadeia de televisão NBC.
É contudo uma possibilidade que Trump possa perder alguns dos estados que ganhou em 2016 como o Arizona, a Carolina do Norte e mesmo a Geórgia e é por isso que as sondagens indicam que poderá ser uma noite difícil para Trump se perder alguns desse estados.
Jonathan Swan é correspondente na Casa Branca do portal Axios e diz que a campanha de Trump pensa que pode vencer.
"O que a campanha de Trump está a pensar é que precisa de manter estados como o Texas, Flórida, Carolina do Norte, Iowa, Ohio, Geórgia e depois vencer um dos estados da parte norte do mid west e os dois estados onde eles estão a concentrar-se são a Pensilvânia e Michigan”, disse.
“Eles não dizem isso em público mas praticamente desistiram de Wisconsin”, acrescentou Swan à cadeia de televisão FOX.
Trump precisa de grande afluência às urnas no dia 3
Na verdade Trump precisa de garantir uma grande afluência às urnas no dia das eleições porque milhões de americanos já votaram antecipadamente e à boca das urnas confirma-se que é quase o dobro de eleitores Democratas que votaram antecipadamente até agora.
Para além disso e como dissemos as sondagens indicam vantagens de Biden não só à escala nacional mas mesmo nos “estados de batalha”.
Frank Luntz um especialista em sondagens disse que Trump reduziu nos últimos dias a vantagem que Biden contava mas acrescentou ter dúvidas que isso seja o suficiente.
“Mas veja, se as sondagens vierem a demonstrar estar erradas e que Donald Trump está correcto e as sondagens estão erradas então pessoas como eu vão ter que encontrar outra profissão”, disse o especialista.
“Mas como as coisas estão agora, posso dizer que Trump esteve bem no debate mas não sei se foi o suficiente”, acrescentou.
Na próxima terça-feira vamos a ver se as sondagens estão certas ou se como em 2016 estão erradas e Luntz terá que, como ele disse, procurar outro emprego.