Angola celebra, hoje, 8 de Janeiro, o Dia da Cultura Nacional. A ocasião deverá servir para uma reflexão sobre a importância da união entre os artistas, diz à VOA a cantora Rosa Roque
“Eu quero que nos unamos um pouco mais para que possamos a colocar a cultura do nosso país entre as potências do mundo,” afirma.
Apesar de dificuldades, Roque diz aos colegas que “vale a pena agarrar esta parte da vida, porque é algo que imortaliza (…) quer porque o nosso país é rico ou porque o nosso povo merece uma identidade.”
A identidade angolana preocupa esta artista que fundou, em 1983, o legendário grupo feminino “As Gingas”: “Já houve maior interesse na cultura como identidade nacional, mas hoje vejo mais recreação e menos cultura.”
Apesar de sentir que “teoricamente há políticas, orientações,” Roque julga que “na prática temos que admitir que o mundo procura ser mais globalizado e quando assim é perdem-se muitos valores de cultura.”
E “se ficarmos atentos aos artistas mais consumidos, mais divulgados” podemos notar que não são os que “cultivam os ritmos nacionais ou cantam nas línguas nacionais. Eu penso que podia haver um casamento melhor entre a modernidade e a identidade”.
O caminho para isso “depende da vontade politica, há esforços nesse sentido, mas na prática muito há por fazer. Falta muito em termos de valorização, congregação dos criadores e sobretudo um olhar mais sério para os que estão preocupados com a cultura de cariz nacional”.
Lamenta a morte de muitos artistas nos últimos anos e diz que não basta o facto de as obras ficarem. “É Preciso melhor qualidade de vida para os criadores.”
Além de artista, Roque é professora, e nessa posição diz que não basta transmitir os conhecimentos académicos, é importante passar as habilidades e hábitos culturais.
Para tal, ela defende “um casamento melhor entre a educação e cultura para que as questões de cultura sejam tratadas desde a tenra idade nas escolas, o que passa pela investigação e valorização da cultura nacional”.
Quanto “As Gingas”, Roque reconhece que são “um facto”, mas orgulha-se pelo contributo do grupo na música angolana, em particular na promoção de uma melhor representação da mulher angolana nessa arte.
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